Só 2004 foi pior do que 2013 na perda de europeus nos cinemas

No ano passado houve menos 39 milhões de espectadores nos cinemas da UE e os preços altos dos bilhetes já não o disfarçam nas receitas de bilheteira. Portugal entre os países mais penalizados.

Foto

Ao longo do ano passado, os alertas de vários países em queda anunciavam isso mesmo: os espectadores estão cada vez mais longe das salas. E esgrimiram-se argumentos sobre os preços dos bilhetes, sobre a sua taxação, sobre a crise, ou sobre as alterações na paisagem audiovisual, pirataria e mudanças de hábitos de consumo em geral.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Ao longo do ano passado, os alertas de vários países em queda anunciavam isso mesmo: os espectadores estão cada vez mais longe das salas. E esgrimiram-se argumentos sobre os preços dos bilhetes, sobre a sua taxação, sobre a crise, ou sobre as alterações na paisagem audiovisual, pirataria e mudanças de hábitos de consumo em geral.

Na prática, revelou o observatório, compraram-se então 908 milhões de bilhetes de cinema em 2013, menos 4,1% do que em 2012. Nos últimos dez anos, só 2005 foi pior, com 901 milhões de ingressos vendidos no mercado comunitário de cinema. Quanto aos preços dos bilhetes, os dados preliminares sobre as receitas de bilheteira de 2013 levam o organismo europeu a concluir que “ao contrário dos últimos três anos, o aumento dos preços dos bilhetes em 19 dos 25 mercados [cinematográficos] da EU já não bastaram para compensar o declínio dos ingressos”. Isto porque a receita de bilheteira caiu em 14 dos 25 países abrangidos pelas contas do Observatório Europeu do Audiovisual.

O mesmo documento do observatório confirma que Espanha foi o país mais penalizado em 2013, perdendo 15,2 milhões de ingressos em relação a 2012 (uma queda de 16%), seguido por França (menos 10,8 milhões de pessoas nas salas, uma perda de 5,3%), Reino Unido (sete milhões a menos nos cinemas, quebra de 4%) e Alemanha, que viu desaparecerem 5,4 milhões de espectadores, o que representou também uma perda de 4% em comparação com o ano anterior.

Estes são quatro dos cinco maiores mercados do espaço comunitário, sendo que o quinto país do top, Itália, fugiu à tendência e cresceu – venderam-se no ano passado 106,7 milhões de bilhetes de cinema no país, o que alinhou Itália com os países do centro e leste da Europa. Bulgária, Roménia e Lituânia aumentaram o número de espectadores.

A informação do observatório, divulgada nos últimos dias do Festival de Cinema de Berlim, mostra ainda que mais de dois terços dos mercados nacionais da União Europeia perderam espectadores ao longo dos últimos 12 meses. Chipre foi o país que mais espectadores perdeu (menos 24,4% do que em 2012), seguido por Espanha, Eslovénia, Suécia e Portugal – 2013 foi o ano em que menos portugueses foram ao cinema na última década, com apenas 12,5 milhões de bilhetes vendidos, menos 1,3 milhões de pessoas e menos 8,5 milhões de euros do que no ano anterior. Recorde-se que em 2012, Portugal foi o país que mais espectadores viu abandonar as salas de cinema em toda a UE

Fora da União, o cenário é distinto. Na Rússia venderam-se 173,5 milhões de bilhetes (mais 10,5% do que em 2012), na Turquia bateram-se recordes com um crescimento de 14,8% nas vendas de bilhetes, que ascenderam aos 50,4 milhões - e depois há a China e os Estados Unidos. Os dois maiores mercados mundiais de cinema continuam a crescer, com a emergente China a marcar o ritmo: no ano passado, as receitas de bilheteira chinesas aumentaram 27% para os 2,6 mil milhões de euros, muito graças ao facto de, em média, diariamente abrirem 14 salas de cinema no país. Já os Estados Unidos continuam a bater recordes de receitas brutas de bilheteira, apesar de os números de espectadores nas salas não sofrerem grandes oscilações.