Estudo calcula que bancos europeus têm necessidades de capital de 767 mil milhões de euros

Bancos franceses com o maior buraco, seguidos dos alemães. Portugueses com necessidades que podem ir aos 11 mil milhões.

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Instituição de Mario Draghi em conjunto com a Autoridade Bancária Europeia vai conduzir testes de stress aos bancos Ralph Orlowski/Reuters

Os bancos europeus apresentam necessidades de capital que podem chegar aos 767 mil milhões de euros, calcula um estudo conduzido por um investigador alemão e um académico norte-americano que tenta antecipar aquilo que poderão ser as conclusões da análise que o BCE irá fazer à saúde do sector bancário europeu durante este ano.

"Uma análise exaustiva sobre a qualidade dos activos da banca europeia deverá revelar uma falta de capital substancial em muitos países periféricos e do centro da Europa", escrevem os autores, que analisaram 109 dos 124 bancos da Zona Euro que vão ser analisados nos exames do BCE, antes de a entidade liderada por Mario Draghi assumir a sua supervisão.

Os bancos franceses têm o maior buraco (até 285 mil milhões de euros), seguidos pelos bancos alemães (até 199 mil milhões de euros), revelam as conclusões do estudo de Sascha Steffen, da Escola Europeia de Gestão e Tecnologia, em Berlim, e de Viral Acharya, da Universidade de Nova Iorque, segundo a agência de informação financeira Bloomberg, cujos cálculos são feitos assumindo, no caso mais exigente, um rácio de capital de 7%, num cenário de elevado stress, incluindo uma nova crise no sistema financeiro internacional.

Os autores apontam para um risco especialmente elevado nos bancos alemães detidos pelo Estado (Landesbanken). "A Alemanha tem muitas instituições financeiras estatais que vão necessitar de injecções de capital", advertem. Já os bancos espanhóis têm insuficiências calculadas em 92 mil milhões de euros, enquanto os bancos italianos precisam de cerca de 45 mil milhões de euros para fazer face aos rácios de capital que as novas regras para a banca europeia exigem.

No caso de Portugal, os autores apontam para necessidades de reforço de capital que podem ir, no caso mais exigente, até aos 11.445 milhões de euros.

Necessidade de aumentar capital
Além de anteciparem a necessidade de serem feitos aumentos de capital significativos e a transformação de dívida em capital (em prejuízo dos credores), os autores dizem que, nalguns casos, será inevitável o recurso a ajudas estatais para fazer face à falta de capital das instituições financeiras analisadas.

Os autores referem neste capítulo a posição especialmente frágil dos bancos na Bélgica, em Chipre e na Grécia, sem que seja feita aqui uma referência ao caso de Portugal.

Quer os banqueiros portugueses, quer o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, já vieram a público várias vezes garantir que as instituições estão bem capitalizadas e que não deverão necessitar de novas ajudas estatais, uma vez que, desde que se iniciou o programa de assistência internacional a Portugal, já se recapitalizaram significativamente, ao contrário da maioria dos seus congéneres europeus.

Durante este ano, o BCE juntamente com a Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla inglesa) vão conduzir testes de stress às 124 instituições em causa, bem como uma avaliação das suas carteiras de dívida pública.
 
 
 
 

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