Segunda vida para o herbário de Paris

O herbário do Museu Nacional de História Natural de Paris sofreu uma renovação de 26,2 milhões de euros.

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O embondeiro é uma das espécies no herbário, que tem plantas de todo o mundo Fox-Talbot

O Herbário Nacional em Paris, em França, foi recuperado e reabre nesta quarta-feira ao público. A renovação feita na Galeria Botânica do Museu Nacional de História Natural de Paris duplicou o espaço para a colecção que, neste momento, alberga oito milhões de exemplares da flora mundial.

O rejuvenescimento passou por dois grandes projectos, levados a cabo durante quase cinco anos: a restauração do edifício construído em 1935 e uma renovação total do próprio herbário, considerado um tesouro nacional de França. Ao todo, o projecto custou 26,2 milhões de euros, sendo 15 milhões utilizados nas obras e o resto nas colecções.

O edifício do herbário estava mal isolado e não tinha um bom sistema de aquecimento. No entanto “os elementos arquitectónicos fora de série” foram preservados, explica Florent Mbaye, que dirigiu o projecto de renovação. Uma biblioteca foi construída e, nesta quarta-feira, abriu uma exposição permanente ao público.

A capacidade de armazenamento do herbário duplicou graças a um novo sistema de estantes móveis. Desta forma, ficaram agora disponíveis 1,5 milhões de exemplares que estavam guardados “em papel de jornal”, diz por sua vez Marc Jeanson, director das colecções, acrescentando que será possível gerir calmamente as próximas três décadas de recolha de plantas.

As cartolinas de herbário onde as plantas estão guardadas são cuidadosamente dispostas em prateleiras, ficando achatadas. As salas possuem agora um sistema que controla a temperatura e humidade. Existem neste herbário 500.000 plantas, recolhidas ao longo de muitas décadas, que servem de referência-base a nível mundial para descrever estas espécies vegetais.

Sapindácia, anacardiácea, mirtácea ou onagrácea são algumas das famílias vegetais que podem encontrar-se no herbário. As prateleiras estão classificadas pelas famílias das espécies. A origem geográfica, que antes servia como base para a disposição do herbário, está identificada por um código de cores.

“Um herbário está vivo”, argumenta Cécile Aupic, responsável pela preservação dos herbários antigos. Os botânicos fazem uma revisão da classificação das espécies vegetais de tempo a tempo. Desde a década de 1990 que a genética ajuda a fazer esta revisão. Graças a esta disciplina, mostrou-se que os plátanos estão mais próximos das espécies do género Lotus do que do plátano-bastardo. Ou que o algodão, a tília, o embondeiro ou o cacau, apesar de serem muito diferentes, pertencem à mesma família.

Outro importante objectivo que acompanhou esta renovação foi a digitalização. Cerca de seis milhões de cartolinas foram digitalizadas, produzindo “o maior herbário virtual no mundo, até à data”, de acordo com Marc Jeanson. Os utilizadores podem, a partir do início do próximo ano, ajudar a completar a informação virtual sobre cada espécime no site lesherbonautes.mnhn.fr.

O herbário vai continuar a crescer, como cerca de 10.000 espécimes recolhidas anualmente. Hoje, cada planta recolhida é acompanhada por uma fotografia e, opcionalmente, por uma amostra para o ADN.

Em relação às colecções históricas, como o herbário de Joseph Tournefore ou de Jean-Baptiste Lamarck, estão guardadas separadamente e ainda não foram renovadas. Os herbários históricos “concentram referências científicas”, diz Céclie Aupic, e representam cerca de 100.000 espécimes. O herbário mais antigo conservado no museu data de 1558 e é de Jehan Girault.

“Os herbários, como arquivos da flora do mundo, são ferramentas únicas”, sublinha Marc Jeanson. “Estas ferramentas são cada vez mais importantes devido aos problemas das alterações climáticas e às modificações da flora” mundial.
 

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