Turismo europeu necessita de simplificar os vistos

A Comissão Europeia tem realizado um esforço sério para apoiar um sector do turismo mais resiliente

Numa altura em que a maior parte dos Membros da União Europeia luta contra uma taxa de desemprego elevada e dificuldades económicas, o turismo é extremamente importante para a recuperação económica europeia.

De acordo com dados divulgados pela Organização Mundial de Turismo das Nações Unidas, nos primeiros sete meses deste ano a chegada de turistas internacionais à Europa cresceu 5%, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Mais visitantes significa um aumento dos lucros no turismo e nos sectores associados, tal como os transportes, alimentação, cultura, construção e moda. Também significa mais postos de trabalho, o que é extremamente importante para economias debilitadas como as da Grécia, Espanha e Portugal. O sector do turismo emprega actualmente cerca de 18,8 milhões de pessoas na Europa e, para estes, os indicadores positivos deste ano significam estabilidade laboral.

Apesar de estes indicadores serem encorajadores, não nos podem levar à complacência. Temos que continuar a trabalhar arduamente, focando os nossos esforços na criação de uma marca europeia forte, que atraia turistas do mundo inteiro. Para tal, deveríamos prestar especial atenção aos turistas dos países emergentes que têm vindo para a Europa em crescente número. Infelizmente debatem-se com vários obstáculos no que respeita aos vistos quando viajam para a Europa. Estima-se que 21% dos potenciais turistas oriundos de países emergentes – nomeadamente China, Brasil e Índia – desistem dos seus planos de viagem devido aos requisitos dos vistos.

Muitos obstáculos dissuadem estes turistas, nomeadamente a necessidade de marcação e visita a um escritório consular, assim como o requisito de recolha de documentação e respectivas traduções. A estes problemas acresce uma cobertura consular inadequada em certas regiões geográficas.

Estudos recentes demonstram que a Europa pode aumentar em 46 milhões as chegadas internacionais em 2015, o que resultaria num aumento de 60 mil milhões nos lucros e na criação de meio milhão de empregos. Tal seria muito facilitado se as disposições em matéria de vistos, nomeadamente no âmbito da harmonização, fossem totalmente e consistentemente implementadas no espaço Schengen, uma parceria entre 26 países que garante a liberdade de circulação.

Há algum tempo que tenho trabalhado de perto com a comissária para os Assuntos Internos, Cecilia Malmström, para simplificar e racionalizar a emissão de vistos no espaço Schengen, com o objectivo de remover os obstáculos enfrentados pelos turistas estrangeiros, de forma a tornar a Europa num destino ainda mais atractivo. Pretendemos apresentar uma proposta legislativa até ao final do ano, ou no início do próximo, destinada a combater as questões mais problemáticas e, ao mesmo tempo, assegurar um nível de segurança adequado na União Europeia.

De uma forma geral, a Comissão Europeia tem realizado um esforço sério para apoiar um sector do turismo mais resiliente, competitivo e sustentável e irá intensificar esforços para promover a Europa enquanto principal destino turístico do mundo. Muitas iniciativas estão já a decorrer, combatendo a sazonalidade, e, ao mesmo tempo, promovendo a acessibilidade e sustentabilidade dos nossos destinos. Portugal irá certamente beneficiar de todos estes esforços contínuos, que pretendem fomentar a competitividade do sector do turismo na Europa, trazendo consigo crescimento económico e necessários postos de trabalho.

Vice-presidente da Comissão Europeia e comissário para a Indústria e Empreendedorismo
 
 
 
 

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