Beleza Negra, um dos cinco pedaços do meteorito marciano mais antigo que se conhece

Equipa estudou o fragmento de um meteorito vindo de Marte e provou que é dos tempos iniciais da formação do planeta.

O fragmento de meteorito NWA 7533, agora estudado
Fotogaleria
O fragmento de meteorito NWA 7533, agora estudado Luc Labenne
A Beleza Negra, que tem o nome de código NWA 7034
Fotogaleria
A Beleza Negra, que tem o nome de código NWA 7034 AFP

A uma senhora nunca se pergunta a idade, porque ela pode não responder ou até mentir sobre os anos que tem. Também a rocha marciana Beleza Negra (com o nome de código NWA 7034), descoberta em 2011, enganou os cientistas, levando-os a pensar que teria 2000 milhões de anos. Agora foi determinada a idade de uma outra rocha marciana (a NWA 7533) e provou-se que ambas pertenciam ao mesmo meteorito que caiu no Sara ocidental. Assim, a Beleza Negra envelheceu até aos 4.400 milhões de anos.

Este meteorito tem as rochas marcianas mais antigas, conclui um artigo científico publicado na última edição da revista Nature.

Existem cerca de 100 meteoritos marcianos que atingiram a Terra depois de terem sido separados de Marte pelo impacto de um asteróide ou de um cometa, mas têm apenas 150 milhões a 600 milhões de anos. A Beleza Negra, a rocha NWA 7533 e três outros fragmentos que também compõem o meteorito são muito mais antigos, tendo-se formado durante a infância do planeta vermelho, quando este tinha apenas 100 milhões de anos.

A Beleza Negra e os fragmentos irmãos são considerados rochas basálticas, formadas durante um período de elevado vulcanismo em Marte, e têm um perfil muito diferente das rochas actuais. “A crosta de Marte deve ter-se diferenciado muito rapidamente, em vez de isso ter sido gradual ao longo do tempo. Houve episódios vulcânicos em toda a superfície, que formaram a crosta. Depois disso, o vulcanismo diminuiu drasticamente”, explica à BBC News Munir Humayun, da Universidade Estadual da Florida, nos Estados Unidos.

Pela análise da cristalização de alguns minerais, foi possível determinar que a solidificação da crosta marciana aconteceu na mesma altura que a da Terra e da Lua, portanto muito mais cedo do que se esperava, segundo o comunicado de imprensa do Museu Nacional de História Natural de Paris, citado pela agência noticiosa AFP.

Agora, a equipa de Munir Humayun vai analisar o fragmento NWA 7533 (NWA, sigla em inglês do local onde foi encontrado “Northwest Africa”, ou Noroeste de África), para procurar sinais de vida marciana, ainda que os cientistas tenham noção que o tempo passado no deserto do Sara poderá ter contaminado a amostra.
 
 
 

Sugerir correcção
Comentar