Rendimento dos gregos diminuiu 40% em cinco anos
Remunerações dos trabalhadores e prestações sociais em queda acentuada na Grécia.
A aplicação de medidas de austeridade a partir da entrada da troika, em 2010, travou o consumo privado, que representa cerca de três quartos do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Os pacotes de restrição orçamental exigidos como contrapartida para o empréstimo internacional traduziram-se em sucessivos cortes na despesa pública e num aumento da carga fiscal.
A viver o sexto ano de recessão e com um desemprego num nível historicamente elevado (27,9% da população activa em Junho), a Grécia voltou este ano a registar uma degradação do rendimento disponível das famílias, resultado de uma diminuição acentuada dos salários dos trabalhadores e das prestações sociais.
Segundo o gabinete estatístico grego, o rendimento disponível dos agregados familiares caiu 9,3% no segundo trimestre face a igual período de 2012, encolhendo de 33.200 milhões de euros para 30.100 milhões. As remunerações dos trabalhadores caíram 13,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Ao mesmo tempo, as prestações sociais recebidas pelos agregados familiares diminuíram 12,4%.
No próximo ano, Atenas deverá aplicar um pacote de consolidação orçamental na ordem dos 4000 milhões de euros, mas as incertezas quanto ao cumprimento da meta do défice de 3% levaram a troika a defender a aplicação de medidas adicionais. O Governo liderado pelo conservador Antonis Samaras diz, porém, não ter margem para aplicar mais cortes na despesa pública ou para subir os impostos.
A Grécia foi o país da zona euro que, entre 2011 e 2013, fez o maior esforço de ajustamento orçamental, refere o jornal grego Kathimerini com base num relatório de trabalho da Direcção-Geral dos Assuntos Económicos e Financeiros da Comissão Europeia.
Segundo as previsões da troika e do Governo, a economia grega deverá cair 4% este ano, o que, a concretizar-se, significará uma queda do PIB de 25% entre 2008 e 2013. Para o próximo ano, é esperado pela missão externa um crescimento marginal de 0,6%.