Sucessor de Chávez acusa dois ex-embaixadores dos EUA de conspirarem para o assassinar

Durante a corrida às eleições, Nicolás Maduro lança uma maldição a todos os que não votarem nele.

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Maduro esteve em comício em Amazonas Reuters
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O sucessor de Chávez foi motorista de autocarro Reuters
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As sondagens dão a vitória a Maduro Reuters
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Capriles acusa Maduro de jogar com as crenças do povo Reuters
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Henrique Capriles é o líder da oposição ao regime chavista Reuters

O presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou dois ex-embaixadores dos EUA de estarem por detrás de uma conspiração para assassiná-lo antes das eleições presidenciais, marcadas para o próximo dia 14. Num comício, Maduro invocou uma maldição para todos os que não votarem nele.

Num discurso transmitido pela televisão estatal VTV, este sábado, Maduro também questionou a "direita de El Salvador", que já enviou para a Venezuela pistoleiros para realizar a missão de o assassinar.

"O objectivo é matar-me, eles querem matar-me porque sabem que não podem ganhar uma eleição livre e justa. Por trás disso, está Roger Noriega e Otto Reich e a direita salvadorenha que enviou assassinos pagos por eles para me matar", disse Maduro, nomeado pelo ex-presidente Hugo Chávez para o suceder. Chávez morreu a 5 de Março passado.

Otto Reich e Roger Noriega foram embaixadores na Venezuela e na Organização dos Estados Americanos (OEA), respectivamente.

Maldição de Macarapana
No mesmo dia, num comício no estado do Amazonas, que faz fronteira com o Brasil e a Colômbia, Nicolás Maduro disse que uma maldição secular cairia sobre as cabeças de todos os que não votassem nele. 

Maduro invocou a "maldição de Macarapana", que lembra um facto que se passou no século XVI, quando os colonos espanhóis massacraram os índios em Macarapana. Envergando um artefacto indígena na cabeça, o sucessor de Chávez fez uma comparação entre ele próprio e Henrique Capriles, o seu opositor, cabeça da coligação de partidos da oposição ao regime de chavista – ele o índigena e Capriles o representante do regime esclavagista espanhol. "Se derem a vitória à burguesia, eles vêm para privatizar a saúde, a educação e tomar a terra dos índios. A maldição de Macarapana virá sobre as vossas cabeças", disse.

Capriles, 40 anos e governador de um estado, já reagiu e disse que a maldição é o actual Governo. O governador defende que a Venezuela precisa de um novo começo depois de 14 anos de socialismo e está preparado para governar ao estilo do Brasil, ou seja, apostando na economia livre de mercado, com fortes políticas sociais.

Ridicularizando o último discurso de Maduro, o candidato disse: "Em desespero, eles estão a ameaçar o povo com uma maldição. As pessoas estão com Deus e nada disso vai acontecer". E continuou, afirmando que se Maduro "mentiu e ameaçou as pessoas" com uma maldição, ele defende que "a maldição real é aquele pequeno grupo" de que os venezuelanos se devem livrar no próximo dia 14.

O líder da oposição lembrou ainda que Maduro já disse ter visto o espírito de Chávez num pássaro que voou sobre a sua cabeça e cantou com ele, a semana passada.

De recordar que o povo venezuelano mistura a religião católica com crenças animistas, o que leva a que a maioria dos seus 29 milhões de habitantes acredite em espíritos e em maldições. Portanto, invocá-los durante a campanha tem um peso que não teria, por exemplo, em Portugal.

Para Capriles, Maduro é uma "imitação pobre" de Chávez. Segundo as sondagens, Maduro vai à frente, com 10% a mais de intenções de voto. Durante a campanha, o sucessor de Chávez tem recorrido continuamente a vídeos onde se vê o ex-presidente com ele e onde aquele o designa como seu sucessor. Maduro também tem usado o vídeo de apoio feito por Lula da Silva, ex-presidente brasileiro.

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