Kim Dotcom prepara sucessor do Megaupload

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Kim Dotcom tem 38 anos Foto: AFP

Kim Dotcom, 38 anos, vai voltar à carga e, mesmo a contas com a justiça, mostra que não tenciona abandonar o mercado online. O criador do popular Megaupload, que permitia a partilha de ficheiros e que foi encerrado pelas autoridades norte-americanas em Janeiro deste ano, está a preparar um novo site do género, a que vai chamar simplesmente Mega.

A diferença entre os dois serviços é que no novo Mega, antes da partilha, o ficheiro será encriptado no computador do utilizador, que depois receberá uma segunda chave para decifrar o ficheiro. Na prática, todas as mudanças irão garantir que o site não possa ser responsabilizado pela partilha de ficheiros ou pelo armazenamento de dados protegidos pela legislação da propriedade intelectual ou direitos de autor, deixando o controlo na mão dos utilizadores.

E como a chave de desencriptação fica com os utilizadores, nem o site ou outra entidade podem saber o que está guardado, não podendo ser, por isso, responsabilizado.

Os detalhes deste projecto de Dotcom, que se encontra na Nova Zelândia à espera de uma decisão sobre o pedido de extradição para os Estados Unidos, foram revelados pelo próprio à revista Wired, no fim da semana passada.

“Um passo atrás, dois passos à frente”, escreveu Dotcom no Twitter, depois da entrevista, na última sexta-feira, aludindo ao encerramento do Megaupload e à preparação do substituto Mega.

“O novo Mega é como um poema de lógica. Sete anos de experiência a desenharem a melhor solução de alojamento de ficheiros. Mal posso esperar”, acrescentou, nesta segunda-feira, também no Twitter, numa mensagem que termina com o símbolo de um sorriso, um smile.

Aparentemente, o facto de ter sido acusado de conspiração, lavagem de dinheiro, pirataria informática e violação dos direitos de autor não demoveu o alemão que se tornou milionário com o Megaupload e cujo verdadeiro apelido é Schmitz.

As autoridades norte-americanas querem julgar um total de sete executivos deste antigo site que, segundo Washington, causou à indústria cultural norte-americana mais de 500 milhões de dólares (406 milhões de euros) de prejuízo.

Dotcom revela que se aconselhou juridicamente para erguer o novo Mega. E entende que a solução que está a ser desenhada será um porto de abrigo a salvo das investidas da justiça.

“Se os servidores se perderem, se um Governo violar um centro de armazenamento de dados, se alguém roubar os servidores, os ficheiros estarão a salvo”, garante Dotcom, na entrevista à Wired, que o pôs na capa da edição do próximo mês. “Seja o que for que tenha sido transferido, manter-se-á fechado e privado se não tiverem o código de desencriptação”, insiste o alemão nascido em Kiel e que detém também passaporte finlandês.

A privacidade dos dados parece ser, de resto, a chave de defesa do novo Mega, porque toda a responsabilidade estará agora do lado dos utilizadores. E, por isso, a única maneira de desligar o sucessor do Megaupload seria ilegalizar a própria encriptação. “E de acordo com a Carta dos Direitos Humanos, a privacidade é um direito básico. Temos o direito a proteger a informação privada e as comunicações”, reforça Dotcom. Que promete também usar servidores em dois países distintos, para poder duplicar a informação e, dessa forma, evitar que os utilizadores percam os seus ficheiros, como sucedeu em Janeiro, quando o FBI arrestou o material do Megaupload.

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