O Porto como palco vivo de personagens de banda-desenhada

Segunda edição do Portusaki enche o Hard Club de praticantes de "cosplay" este fim-de-semana

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A maioria dos jovens vai buscar inspiração à banda desenhada japonesa Portusaki
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A maioria dos jovens vai buscar inspiração à banda desenhada japonesa Portusaki

O Hard Club, no mercado Ferreira Borges, no Porto, está este fim-de-semana tomado por personagens de banda desenhada, especialmente ligados à manga japonesa, mas no Portusaki também há filmes, dança, jogos, entre várias outras actividades.

São os praticantes de “cosplay” (a arte de encarnar um personagem de banda desenhada ou de videojogos) que mais chamavam a atenção dos turistas que este sábado passavam pelo mercado Ferreira Borges, onde até domingo, dia 2, decorre o Portusaki, definido pelo organizador Hugo Jesus como “um evento de cultura e entretenimento, com especial interesse na ficção científica, fantástico e terror e não só ligado às coisas nipónicas”.

Pela nave central do antigo mercado, circulava um gigantesco urso panda, raparigas de cabelos fluorescentes, samurais, jovens com vestidos a lembrar Maria Antonieta e uma figura espetral de um feiticeiro todo vestido de negro. A maioria dos jovens vai buscar inspiração à banda desenhada japonesa, à manga, aos filmes de animação e videojogos, como os que estavam à venda em algumas das bancas da feira que decorre na Portusaki, entre adereços e muitos bonecos coloridos.

Uma actividade cara

Como Filipa, de Matosinhos, que encarna personagens “quando há dinheiro, porque criar um fato fica um bocado caro”. Só uma peruca custa mais de 30 euros. Com as suas orelhas de gato e roupa romântica, diverte-se “imitando uma personagem de um jogo, tirando fotografias, jogando com a amiga”, que tem um chapéu que parece ser a cabeça de um urso.

O Portusaki, que decorre pela segunda vez, tem na sua programação um espectáculo baseado na série “Guerra do Tronos”, a exibição de curtas-metragens portuguesas de terror, competições de dança, o concurso “O geek mais fraco” - baseado no “Elo mais fraco”, mas com perguntas só sobre cinema, banda desenhada, séries, cinema de animação e videojogos - uma feira e jogos de tabuleiro, como o “Magic - The gathering”.

O organizador Hugo Jesus não esconde que, perante um mercado para o universo da banda desenhada e jogos de inspiração oriental tão pequeno, Portugal está “na cauda da Europa”, dizendo que a sua ideia não foi fazer “um evento de manga/anime como os outros”.

Porto + Nagasaki

Mas o organizador do Portusaki admite que é o público ligado ao género “que faz animar estes acontecimentos”. Daí ter optado por um nome que resulta de uma contração de Porto, com a cidade geminada de Nagasaki, mesmo que diga que se pode fazer “cosplay” de qualquer coisa.

“Vamos ter um Capitão América e até já fiz de José Castelo Branco”, garante. Francisco Espinera, que já tentou abrir uma editora de manga em português há sete anos, mas “foi um fiasco”, confirma que “Portugal tem um nicho de mercado muito pequeno, comparado por exemplo com Espanha, onde desde o início da década de 1990 o mercado tem crescido”.

Hoje é proprietário da Naraneko, em Coimbra, a mais antiga loja especializada em banda desenhada japonesa em Portugal. Para ele não há qualquer dúvida que a manga não é um fenómeno que diga só respeito aos mais jovens. E para o exemplificar pega num exemplar de “Drops of god”, de Tadashi Agi, a série de banda desenhada que decorre no universo do vinho, já vendeu mais de meio milhão de livros desde 2007 e fez aumentar o consumo da bebida entre os japoneses.

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