El País diz que Passos Coelho é “campeão da austeridade e das teses alemãs”

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O "New York Times" compara a brandura dos portugueses com a insurreição grega Foto: Enric Vives-Rubio

Numa altura em que se fala de um possível resgate financeiro em Espanha, o El País decidiu fazer o balanço de um ano de troika em Portugal em que afirma que Pedro Passos Coelho é o “campeão da austeridade e das teses alemãs”. Já o New York Times (NYT) apostou numa análise social, chamando a atenção para “um povo que simplesmente encolhe os ombros, e segue em frente perante os cortes e o desemprego”.

O jornal espanhol El País defendeu ontem, num artigo de opinião do jornalista Antonio Jiménez Barca, que os ajustes financeiros feitos em Portugal estão a desgastar o governo de coligação PSD-CDS. De acordo com o periódico, as medidas de austeridade estão a fazer crescer o apoio popular aos partidos que se opuseram ao resgate financeiro - neste caso, o Bloco de Esquerda e o PCP, que estão a subir nas sondagens, enquanto o PSD desce.

Segundo o jornal espanhol, o primeiro-ministro não se cansa de seguir as ordens da troika, e o próprio acrescenta que coincidem com as suas ideias politicas. O El País faz ainda referência à paciência dos portugueses perante os cortes nos salários e subsídios, e às medidas de austeridade que já duram há mais de um ano.

É essa mesma paciência que dá mote a um dos temas de primeira página do NYT, em que o jornal norte-americano fala sobre a resignação dos portugueses face à crise, fazendo comparações entre a insurreição grega e a brandura portuguesa.

O NYT destacou os pontos mais negativos da crise portuguesa, citando projecções que indicam que a economia contrairá 3% este ano, quando no ano passou declinou 1,5%, destacando os valores oficiais do desemprego, 14,9%, e os mais de 30% de desempregados jovens.

O artigo segue sempre no mesmo tom, com uma entrevista a um supervisor de uma empresa de mobiliário nacional, que afirma que “ os portugueses são todos culpados” e não vê que ninguém vá fazer grandes protestos, justificando a passividade nacional como “uma questão de cultura”. Faz ainda referência à passividade dos portugueses na década de 1980, quando Portugal esteve praticamente na bancarrota e enfrentou níveis de inflação superiores a 30%, e mesmo assim “não houve grandes protestos e a maioria dos trabalhadores foi trabalhar mesmo sem receber”.

O diário nova-iorquino conclui, citando um outro trabalhador português que salienta que, “como eramos pobres antes da crise, não faz assim tanta diferença agora”.

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