Fitch diz que ajustamento em Portugal é "promissor” mas prevê recessão em 2013

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Número de medidas implementadas pelo Governo é "impressionante", diz a Fitch Pierre-Philippe Marcou/AFP

Agência de rating mostra-se optimista sobre implementação do programa da troika, mas avisa que há vários desafios pelo caminho. Previsões económicas são piores do que as oficiais, apontando para uma contracção de 3,7% este ano e de 1,5% em 2013.

Num relatório sobre Portugal, hoje divulgado, a Fitch começa por salientar que “uma série de factores sugere que o ajustamento económico e as reformas de Portugal estão a ter um início promissor”. A agência de notação destaca, nomeadamente, o facto de o défice de conta corrente está a diminuir e que o país está a implementar o programa de reformas acordado com a troika.

No entanto, avisa a Fitch, há vários desafios no horizonte, desde logo a deterioração do cenário macroeconómico. A queda mais acentuada da procura interna levou a agência a rever em baixa as suas previsões para a economia nacional, projectando que o Produto Interno Bruto (PIB) nacional contraia 3,7% este ano. Um valor que compara com os 3% previstos pelo Governo e os 3,3% admitidos pela Comissão Europeia.

Para o próximo ano, as perspectivas da Fitch são, também, significativamente mais negativas do que as do Governo e da troika. Enquanto estes prevêem que a economia portuguesa já esteja a crescer em 2013, a agência de notação mantém um cenário de recessão, projectando uma contracção de 1,5% do PIB.

“O cenário económico mais fraco desafia o plano de redução do défice do Governo”, diz a Fitch, avisando que “o risco de derrapagem em relação às metas orçamentais é grande”. Ainda assim, considera a empresa, é possível que o Governo cumpra a meta deste ano, que aponta para um défice orçamental equivalente a 4,5% do PIB. Nas suas últimas previsões, divulgadas na semana passada, a própria Comissão Europeia projecta uma derrapagem no défice, que deverá atingir os 4,7% este ano.

Outro desafio de peso vem da implementação das reformas estruturais. Embora a agência considere que o número de medidas já implementadas “é impressionante”, tendo em consideração o ambiente macroeconómico e as reformas implementadas noutros países europeus, destaca que o país ainda não conseguiu responder à prometida liberalização dos mercados de serviços.

A Fitch salienta ainda que há uma série de factores que permitem manter um “optimismo prudente” sobre os progressos de Portugal, com destaque para o compromisso político quanto à implementação do programa da troika, os sinais precoces de ajustamento do défice externo e a coesão social. A empresa continua a considerar que é muito provável que Portugal receba um novo pacote de ajuda, caso não consiga regressar aos mercados no segundo semestre de 2013, tal como está previsto no programa da troika.

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