Greve geral em Espanha marcada por dezenas de detenções

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A polícia intervém em Madrid Foto: Sergio Perez/Reuters

Espanha vive hoje a oitava greve geral da democracia espanhola, num protesto convocado pelas principais centrais sindicais contra a polémica reforma laboral aprovada pelo Governo de Mariano Rajoy e que o Executivo insiste em manter. Até ao momento há a registar bloqueios pontuais e dezenas de detenções.

Piquetes informativos estão instalados desde as 0h em vários pontos do país, nomeadamente nos grandes pontos da rede de transportes e nos principais mercados de distribuição.

De acordo com os principais diários espanhóis –"El País" e "El Mundo" – há a registar até ao momento bloqueios pontuais nos principais mercados, centros logísticos e de distribuição e em áreas de grande concentração empresarial, bem como nas superficies comerciais.

Paralelamente, pelo menos 33 pessoas já tinham sido detidas ao início da manhã, segundo informações divulgadas pelo Ministério do Interior.

No sector dos transportes, os serviços mínimos na rede de transportes ferroviários que serve Madrid pareciam estar, ao início da manhã, a funcionar com normalidade. Nos aeroportos, espera-se, porém, grandes condicionamentos, com o possível cancelamento de mais de 750 voos de e para cidades espanholas, entre eles a maior parte das ligações a Portugal. De acordo com o site da ANA, dos 12 voos com saída de Madrid para Lisboa previstos para hoje, metade já foi cancelada. Com origem em Barcelona, dos dos seis voos previstos para hoje, um já foi cancelado.

De igual forma, dos nove voos que hoje deveriam sair de Lisboa para Madrid, três já foram cancelados. E dos seis voos previstos para Barcelona, um já foi cancelado.

A negociação dos serviços mínimos foi um dos aspectos de maior tensão nos dias antes da greve, com a falta de acordo em algumas comunidades autónomas.

No sector médico o dia será tratado, a nível de funcionários, como um feriado. As escolas terão que garantir a presença do director e um funcionário, pelo menos, e a manutenção das cantinas.

As principais centrais sindicais espanholas, CCOO e UGT, querem que a greve geral e a previsível contestação nas ruas do país faça o Governo a “corrigir” a polémica reforma laboral que aprovou.

Sendo a 16.ª modificação da legislação laboral aprovada em Espanha desde a democracia, o texto contestado é o mais recente desde as alterações aprovadas em Setembro de 2010 pelo então Governo socialista liderado por José Luis Rodríguez Zapatero.

Essa reforma valeu a Zapatero uma greve geral e forte contestação nas ruas, uma situação idêntica à que se vive actualmente em Espanha, com mobilizações nas últimas semanas e agora uma paralisação geral.

Em causa está a reforma laboral aprovada pelo Executivo em Fevereiro e que, desde aí, suscitou já duas jornadas de manifestações nas principais cidades espanholas, onde participaram dezenas de milhares de pessoas.

Considerada pelo Governo como “histórica” e essencial para travar a sangria do desemprego, a curto prazo, e para flexibilizar o mercado laboral, a médio e longo prazo, a reforma inclui mais apoio à contratação, especialmente entre as PME, que serão incentivadas a contratar pessoas mais jovens, que poderão compatibilizar o salário desse novo contrato com 25 por cento do subsídio de desemprego que estavam a receber durante um prazo máximo de um ano."

Entre as suas medidas contam-se a redução da indemnização por despedimento (de 45 para 33 dias por ano trabalhado) e a ampliação das condições para o despedimento objectivo - que permite despedir trabalhadores por causas económicas, organizativas ou técnicas com uma indemnização de 20 dias por ano de trabalho.

Horas antes do arranque da greve, a patronal CEPYME e o Governo regional de Madrid afirmaram esperar acções violentas dos grevistas, tendo o Governo central insistido que a reforma laboral não será alterada.

Os sindicatos, por seu lado, acusaram várias empresas e alguns serviços públicos de coação aos trabalhadores para que não participem na greve.

Notícia actualizada às 8h55
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