Sheldon Adelson: o multimilionário que ressuscitou Gingrich

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Multimilionário de 78 anos é o oitavo homem mais rico da América Foto: Mike Clarke/AFP

Aqueles que só encontram cinismo, dissimulação e calculismo na actividade política, juram que o ex-speakerda Câmara de Representantes, Newt Gingrich, só disse que "os palestinianos são um povo inventado" para atrair a atenção de Sheldon Adelson. O magnata do jogo, que construiu um império internacional de casinos, hotéis e centros de convenções, de Las Vegas a Macau, ainda não tinha feito a sua aposta na corrida à nomeação republicana para as presidenciais de Novembro. As inflamatórias declarações de Gingrich eram música para os seus ouvidos.

Para o multimilionário de 78 anos, o oitavo homem mais rico da América, o apelo da mensagem pró-Jerusalém de Gingrich era naturalmente irresistível. Adelson é, há várias décadas, o mais poderoso financiador do lobbyjudeu nos Estados Unidos (o seu dinheiro movimenta a AIPAC, a Zionist Organization of America, o One Jerusalem e a Republican Jewish Coalition) e o mais feroz opositor da solução de dois estados, Israel e Palestina, a conviver pacificamente - a política oficial da diplomacia norte-americana que o antigo speakerpromete reverter se chegar à Casa Branca.

Depois dos resultados decepcionantes no Iowa e New Hampshire, a eleição de Gingrich tinha-se tornado uma miragem. Até que Adelson chegou em seu auxílio: um primeiro cheque de cinco milhões de dólares, entregue ao grupo de apoio aoex-speaker"Winning Our Future", "pagou" a vitória de Gingrich na primária da Carolina do Sul. O dinheiro não só impediu a aclamação antecipada de Mitt Romney, o candidato favorecido pelo establishmentdo partido, como manteve a corrida republicana aberta e competitiva - outros cinco milhões foram imediatamente entregues (desta feita por Miriam Adelson, a sua mulher) para financiar a etapa da Florida, que hoje termina.

Gingrich, que brevemente liderou as sondagens naquele estado, está agora a mais de dez pontos de distância de Romney. Mas a vitória do seu adversário já não significa o fim para a sua campanha - agora vêm os caucusdo Nevada, e Sheldon Adelson, dono dos dois maiores casinos de Las Vegas, o Venetian e o Palazzo, até já conseguiu uma licença especial para manter os locais de voto abertos por mais seis horas, para que os judeus possam participar na eleição depois de cumprir o Sabath.

Os rituais são importantes para Sheldon, filho de imigrantes judeus lituanos radicados em Boston - o pai, taxista, e a mãe, que vendia lãs, dividiam um único quarto com os quatro filhos. Aos 12 anos, Sheldon lançou-se nos "negócios": pediu 200 dólares emprestados a um tio e comprou o direito de vender jornais nas esquinas mais movimentadas de Boston. Aos 16 anos, investiu os lucros em máquinas de vender doces. Enquanto ainda estudava no liceu, tornou-se repórter de tribunal, mas depois decidiu entrar para o Exército.

Terminado o serviço militar, juntou-se ao irmão para distribuir produtos de higiene em hotéis, um negócio que depois "evoluiu" para uma empresa de venda de químicos usados para descongelar os vidros dos automóveis. A solo, foi vendedor de imobiliário e de publicidade, antes de se tornar consultor financeiro e criar uma agência de viagens. A sua veia de empresário podia ser lucrativa ou desastrosa: antes dos 40 anos já tinha feito uma fortuna de cinco milhões de dólares e já tinha perdido tudo duas vezes.

Em 1979, Adelson teve o seu rasgo de génio: criou a Comdex, uma feira em Las Vegas destinada aos profissionais do sector dos computadores que começava a pulsar. Em 1989, comprou o antigo hotel Sands, que prontamente demoliu para construir o maior centro de convenções do mundo, e dez anos mais tarde acrescentou-lhe o maior - e mais extravagante - casino da cidade do jogo.

Com o novo milénio, expandiu operações para a geografia mais promissora em termos de apostadores: Macau. Em 2004, abriu o primeiro casino Sands, e em 2007 o correspondente Venetian. A capitalização bolsista da Las Vegas Sands (Adelson detém uma participação de 69%) rende-lhe aproximadamente um milhão de dólares por hora.

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