Panrico despede 47 trabalhadores em Portugal

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Fabrico de pão é um dos negócios principais da Panrico Foto: Nuno Ferreira Santos

A Panrico prepara-se para despedir 47 trabalhadores em Portugal devido a “problemas económicos”, avançou o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB).

De acordo com o SINTAB, a empresa (fabricante ibérica de pão de forma e bolos) iniciou um processo de despedimento colectivo e vai reunir amanhã com os representantes dos funcionários. Contudo, o SINTAB considera que este é um “despedimento ilegal”, porque “visa atingir trabalhadores que se opuseram à retirada de direitos laborais”.

“A empresa não formaliza todos os conteúdos legais de um processo de despedimento colectivo e escolheu os trabalhadores [a dispensar] sem critério legal”, disse Moisés Caetano, da direcção do sindicato.

Ao PÚBLICO, uma trabalhadora que preferiu manter o anonimato disse que os trabalhadores foram apanhados de surpresa, mas já tinham proposto à Panrico reduzir os dias de produção, como forma de poupança de custos. “É um caso de má gestão e desperdício constante”, diz a mesma fonte.

Para amanhã está marcada uma reunião de negociação num hotel em Lisboa entre a Panrico, sindicato e trabalhadores. Moisés Caetano critica o facto de o encontro se realizar num hotel, numa altura em que a empresa se debate com dificuldades financeiras. “É para impressionar? Para pagar um café?”, ironiza. Depois de Lisboa, haverá também outra reunião em Vila Nova de Gaia, agendada para dia 20.

Maria do Rosário Ferreira, dirigente sindical e membro da comissão de acompanhamento do despedimento colectivo, garante que os trabalhadores vão tentar “defender os postos de trabalho” e não questionam as dificuldades actuais do negócio, devido à crise.

A Panrico tem duas fábricas em Portugal (Mem Martins e Gulpilhares, em Vila Nova de Gaia) e emprega mais de 450 trabalhadores. Em declarações ao Diário Económico, proferidas em Setembro, Ramon Castellarnau, director-geral da Panrico, já admitia um “forte abrandamento” no consumo e antevia um cenário difícil “a curto prazo”. A aposta passa pela produção para as marcas da distribuição, negócio que vale 18% da facturação. O volume de vendas em Portugal ronda os 100 milhões de euros – mais de 800 milhões a nível ibérico.

No final do ano passado, a gestora de capital de risco Oaktree Capital passou a deter 80% do capital do grupo Panrico e previa investir 105 milhões na dona do Bollycao. Em Espanha, o grupo reduziu o salário e as horas de trabalho a 793 trabalhadores devido à queda de vendas.

O PÚBLICO contactou a empresa mas ainda não foi possível obter esclarecimentos.

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