Trabalhadores da AMEC que tutela Orquestra Metropolitana contestam proposta de viabilização

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Trabalhadores pedem uma investigação às contas da AMEC André Nacho

A Comissão de Trabalhadores da Associação Música, Educação, Cultura (AMEC) que tutela a Orquestra Metropolitana de Lisboa (OML), contesta, em comunicado, a “proposta de viabilização da Metropolitana feita à custa de cortes salariais sobre os músicos, professores e funcionários”.

Em comunicado enviado na quinta-feira à Agência Lusa, a Comissão de Trabalhadores da AMEC (CT-AMEC) afirma que pediu, “com carácter de urgência”, audiências aos fundadores e promotores da AMEC, entre os quais a Secretaria de Estado da Cultura, a Câmara de Lisboa, o Ministério da Educação e Ciência e autarquias, como a da Lourinhã e de Sesimbra.

As audiências, que se estendem a outras entidades, como os grupos parlamentares e o Provedor de Justiça, visam “denunciar uma proposta de viabilização da Metropolitana feita totalmente à custa de cortes salariais sobre os músicos, professores e funcionários da instituição”.

Pretende ainda a Comissão “apelar à tutela que desencadeie uma investigação profunda às contas da AMEC, para que se apurem responsabilidades sobre os mais de quatro milhões de euros de dívidas”.

Segundo o comunicado da CT-AMEC, “a situação de profunda angústia financeira, foi motivada por um acumular de dívidas a fornecedores, à Direcção Geral de Contribuições e Impostos e à Segurança Social, cuja responsabilidade, segundo a actual direcção, liderada pelo maestro Cesário Costa, é da direcção anterior, liderada por Gabriela Canavilhas, ex-ministra da Cultura, e João Villa-Lobos, actual administrador financeiro do Teatro Nacional de S. Carlos) que conduziram, de forma negligente e irresponsável a instituição a este ponto”.

Em causa, afirmam os trabalhadores, está “o ano lectivo das três escolas de música [conservatório, escola profissional e academia nacional superior de orquestra] e os seus mais de 450 alunos, a Orquestra Metropolitana de Lisboa e os 160 trabalhadores da instituição”.

No comunicado, a CT-AMEC afirma que a direcção apresentou aos trabalhadores um “plano de viabilização absolutamente inaceitável”, nomeadamente a “imoralidade da proposta” e a “violência dos cortes salariais, na ordem de 20 por cento, que se pretendem implementar nos próximos dois anos”.

Com o corte apresentado, “pretende-se que os trabalhadores da AMEC contribuam anualmente com cerca de um milhão de euros”, enfatiza a CT-AMEC.

Segundo o documento, “os trabalhadores estão conscientes da situação grave que o País atravessa e estão dispostos a apresentar propostas alternativas para a viabilização da AMEC, mas consideram essencial que se apurem responsabilidades”.

No mesmo comunicado, a Comissão questiona a liderança de Cesário Costa, à frente da instituição desde finais de 2008, acusando-o de “acumulação de funções”, nomeadamente como presidente da AMEC, director artístico e “de uma forma encapotada maestro titular”.

Mais se considera que aquela liderança, “para além de incompatível e perniciosa, ao nível de regalias e retribuições, tem sido totalmente improfícua no que respeita a resultados apresentados”, como se afirma no comunicado dos trabalhadores.

Por menoriza-se ainda que por “o presidente da AMEC [Cesário Costa] continuar a desenvolver a sua carreira em instituições nacionais e internacionais, (...) levou a uma prolongadas ausências do País e consequentemente da função de presidente da Metropolitana”, acrescenta o comunicado.

A Comissão não põe em causa o projecto “Metropolitana”, que qualifica “ímpar e incontornável na cena artística nacional” e tem permitido a “descoberta e formação de prodígios premiados em diversos concursos internacionais e actualmente profissionais de extremo valor e competência, colocados na Orquestra Metropolitana, assim como em diversas orquestras e escolas mundiais”.

Contactado pela Agência Lusa, o porta-voz da CT-AMEC, João Barradas, afirmou que uma delegação dos trabalhadores foi ontem recebida pelos deputados municipais do PCP e do PSD, tendo também sido já recebidos pelos grupos parlamentares do PCP e do Bloco de Esquerda.

A direcção da AMEC, contactada pela Agência Lusa, remeteu esclarecimentos para mais tarde, mas a mesma fonte afirmou “estranhar” ter chegado à Agência Lusa um comunicado ao final do mesmo dia em que foi recebido uma carta da Comissão de Trabalhadores, pedindo uma reunião com a direcção, “que está já agendada”.

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