Banco de Portugal prevê recessão de 3,1% e admite cenário ainda pior

Foto
Instituição liderada por Carlos Costa revê em baixa crescimento económico Jorge Miguel Gonçalves/NFACTOS

A economia portuguesa deverá sofrer uma contracção de 3,1% em 2012, prevê o Banco de Portugal. Contudo, a recessão poderá ser ainda pior se o crescimento mundial desacelerar mais e se forem tomadas medidas adicionais de austeridade, avisa a instituição.

O Banco de Portugal (BdP) divulgou hoje o seu Boletim Económico de Inverno, onde revê em baixa as projecções para a economia portuguesa em 2012. Depois de uma recessão mais controlada do que o previsto no ano passado (-1,6% em vez de 1,9%, segundo o BdP), a economia vai sofrer “uma contracção sem precedente da actividade económica e da procura interna” este ano.

No Boletim Económico de Outubro, o BdP estava a antecipar uma quebra de 2,2% na economia. Agora, o PIB deverá recuar 3,1%, ligeiramente acima do previsto pela troika (-3%) e também dos 2,8% inscritos no Orçamento do Estado (OE) de 2012, embora o Governo tenha já admitido que a recessão deverá ficar em linha com as previsões da Comissão Europeia e do FMI. Só a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) antecipa uma quebra maior – 3,2%. Em 2013, a instituição liderada por Carlos Costa prevê que uma “virtual estagnação”, com a economia a crescer apenas 0,3%.

A justificar a revisão em baixa das previsões estão “as medidas de consolidação incluídas no OE 2012 e da reavaliação da queda da procura interna”, a que se junta ainda “a revisão em baixa do crescimento económico mundial”, que “implicou uma revisão não negligenciável das exportações”.

Segundo as projecções do BdP, o consumo privado irá cair 6% este ano, em vez dos 3,6% inicialmente previstos. Isso provocará, também, uma quebra das importações superior (-6,3%, em vez de -2,8%). Já o consumo público deverá cair menos (2,9% em vez de 4,1%) e as exportações vão crescer 4,1%, ligeiramente abaixo do inicialmente previsto (4,8%). De acordo com o BdP, estas projecções já têm “subjacente um abrandamento do crescimento económico mundial em 2012, em particular na área do euro, num contexto de recrudescimento das tensões internacionais”. Contudo, há riscos no horizonte.

O Banco de Portugal admite que “os riscos em torno de actual projecção para a actividade económica são claramente em baixa, traduzindo o impacto sobre as exportações de um crescimento da economia mundial menos dinâmico do que o considerado e o impacto sobre a procura interna de eventuais medidas adicionais de consolidação orçamental com impacto directo sobre o rendimento das famílias”.

Sugerir correcção
Comentar