Há empresas de iluminação de Natal paradas e com quebras de negócio que chegam aos 90%

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Empresas que instalam luzes decorativas dizem estar sem trabalho

Época natalícia vale 50% da facturação, numa actividade sazonal. Pequenas empresas sem encomendas e em risco.

O corte radical das autarquias e juntas de freguesia com os gastos em iluminações de Natal deixou as empresas que instalam estas luzes decorativas quase sem trabalho e, em alguns casos, totalmente paradas.

Da autarquia de Lisboa, que este ano gastou menos 700 mil euros em decorações luminosas, à Câmara do Porto, que cortou 40% a 50% no orçamento disponível para estes gastos, os anúncios de redução de despesas sucederam-se um pouco por todo o país. Isidro Albino, que criou a Isisom, em Santarém, há 30 anos, perdeu clientes em massa e diz mesmo que as quebras de negócio chegam aos 99%.

"Não há nada. Fazia iluminações em Santarém, Azambuja, Cartaxo, em Coruche ou Benavente", enumera o empresário, dizendo que a empresa "está parada". Dos 14 trabalhadores, já despediu quatro e terá de dispensar mais dois ou três. "Até agora, tínhamos trabalho a mais. A crise está a pôr em risco o negócio, porque eu também não estou a comprar mais material", resume.

À semelhança da Isisom, cerca de metade da facturação da Som Estrela, de Castanheira de Pêra, é conseguida no Natal. No resto do ano, o negócio faz-se nas festividades e romarias locais. "Os serviços que estamos a fazer são muito poucos, nem 10% do que fizemos o ano passado", diz Fernando Martins. Este empresário que há 16 anos consecutivos iluminava as ruas de Cabaços, Alvaiázere ou Maçãs de Dona Maria critica sobretudo a interrupção abrupta das encomendas. "Quando têm dinheiro, fazem tudo. De um momento para o outro, deixam de comprar. É mau para as empresas, que, de repente, perdem tudo, e para os portugueses, que ficam com as ruas às escuras", atira.

Outro empresário que projecta e executa modelos de iluminação também fala em reduções de encomendas na ordem dos 50% a 60%. Ao contrário de anos anteriores, não contratou trabalhadores em época natalícia porque os clientes desistiram das grandes iluminações. A palavra de ordem é cortar.

"O negócio está mau, estamos com quebras de 70%, porque 90% dos nossos clientes eram autarquias", diz, por seu lado José António Couto, da Incidências de Luz, acrescentando que metade das receitas da empresa é conseguida na época natalícia.

Já Luís Teixeira, sócio-gerente da Onluz, garante que não se pode queixar. "A maior parte dos clientes são empresas privadas e ainda tenho trabalhos em curso. Na administração pública a quebra de encomendas foi de 75%", conta.

Além de Lisboa e Porto, também o Entroncamento, Évora e cinco câmaras do distrito de Leiria optaram por não gastar dinheiro em iluminações.

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