Benfica descansou demasiado cedo

Foto
Rodrigo foi o autor do golo do Benfica Nuno Ferreira Santos

Pode ter sido excesso de confiança, quebra física ou até a falta do treinador no banco. Certo é que o Benfica só jogou bem durante 20 minutos e permitiu ao Basileia sair de Lisboa com um empate (1-1), que impediu a equipa portuguesa de garantir já a qualificação para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões.

Não se pode dizer que as contas do apuramento estejam complicadas para a formação de Jorge Jesus, mas o Benfica deixou escapar 400 mil euros e ficar em primeiro lugar é agora bem mais difícil. A liderança do Grupo C passou a pertencer ao Manchester United, que o Benfica visita na próxima jornada.

Sabendo que um triunfo valia a qualificação imediata, o Benfica entrou no jogo a alta velocidade. Quase como se tivesse em mente entrar para a lista dos recordes de golos mais rápidos de sempre. E se é verdade que os lugares cimeiros nessa lista na Liga dos Campeões são quase inalcançáveis (marcar aos 10 segundos só mesmo com uma enorme distracção do adversário), também é certo que muitos espectadores ainda não se tinham sentado quando Rodrigo rematou colocado, obrigando Sommer a defender para o poste. O relógio marcava só 59 segundos.

Outra vez titular (em detrimento de Cardozo), o jovem hispano-brasileiro mostrou novamente apetência para entrar em campo como um leão esfomeado. No sábado marcou ao Olhanense aos 25 segundos e desta vez também não precisou de muito tempo para se estrear a marcar na Liga dos Campeões.

Depois da bola ao poste aos 59s, Rodrigo marcou mesmo aos quatro minutos, com um espectacular remate de pé esquerdo, em trivela. O passe foi de Gaitán, que já soma quatro assistências na presente edição da Liga dos Campeões.

A alta rotação do Benfica espraiou-se por 20 minutos, período em que a vantagem poderia ter sido ampliada. Rodrigo cabeceou ao lado (8’) e Garay também mostrou pontaria desafinada. Pelo meio, os “encarnados” reclamaram penálti num lance em que a bola bateu no braço de um defesa suíço — não se percebeu se o árbitro considerou que o cruzamento foi feito à queima-roupa ou se não viu, mas esta é mais uma jogada que reforça os argumentos de quem questiona a utilidade do árbitro de baliza, que estava a um metro da bola.

Este período inicial foi o do bom Benfica, conduzido pela batuta de Aimar, a inteligência táctica de Matic e a velocidade de Rodrigo. Só que estas qualidades foram-se apagando e o Basileia foi assumindo o controlo do jogo, especialmente por causa do sub-rendimento do Benfica pelas alas, onde Gaitán e Bruno César eram cópias degradadas dos jogadores decisivos de outros jogos.

Mesmo sem os seus dois principais avançados (Streller e Alex Frei, ausentes por questões físicas), a formação suíça mostrou ser uma equipa muito bem organizada, com um jogador acima da média (Shaqiri) e um avançado interessante (Zoua). Ainda que sem o brilhantismo de outros jogos, Shaqiri soube aproveitar a ingenuidade de Luís Martins, o jovem de 19 anos que Jesus lançou no lugar do castigado Emerson. E, do outro lado, Maxi também sentiu problemas para lidar com Fabian Frei.

E foi precisamente pelas alas que o Basileia foi incomodando a defesa do Benfica. Até que, depois de alguns avisos, a formação suíça chegou mesmo ao empate. Chipperfielfd apareceu nas costas de Maxi e fez o cruzamento para o capitão Huggel fazer o empate (64’).

Ironicamente, o golo surgiu pouco depois de Raul José (que substituiu o castigado Jorge Jesus no banco) ter trocado Luís Martins por Miguel Vítor, um defesa que foi vigiar mais de perto (e com maior agressividade) Shaqiri, o mais perigoso dos jogadores do Basileia.

O empate poderia ter servido como um alarme para acordar o Benfica, mas não foi isso que aconteceu. Apenas numa ocasião a equipa da Luz esteve perto de marcar, quando Rodrigo surgiu isolado e rematou às malhas laterais (66’).

Mesmo com a entrada de Cardozo e de Nolito, a formação portuguesa continuou longe dos seus melhores dias. Terminou o encontro com menos posse de bola do que o adversário (44 contra 56%), cansada e sem chama, como se sentisse a falta dos vigorosos gestos de Jesus à frente do banco. E assim os suíços terminaram o jogo a festejar o empate no centro do relvado, enquanto alguns jogadores benfiquistas (como Luisão) saíam disparados para o balneário, ignorando a indicação de Raul José para cumprimentar os adversários e o público.

POSITIVORodrigo

Foi o jogador mais dinâmico do Benfica e marcou um belo golo, o quarto da época. Mostrou que é um futebolista a ter em conta para o futuro.


Matic

Foi o melhor do meio-campo.


Huggel

Este médio de 1,88m parece lento e desengonçado, mas foi fundamental no meio-campo do Basileia. E até marcou o golo.


Zoua

Tinha a dura missão de substituir as vedetas Streller e Frei, mas deu muito trabalho aos centrais do Benfica. Shaqiri, Fabian Frei e Chipperfield também mostraram qualidade.


NEGATIVOAlas do Benfica

Gaitán e Bruno César estiveram a léguas do que já mostraram. Luís Martins ainda está muito verde e até Maxi já teve melhores dias.


Witsel

Viu-se poucas vezes.


Ficha de jogo

Jogo no Estádio da Luz, em Lisboa. Assistência Cerca de 35.000 espectadores.

Benfica

Artur, Maxi Pereira, Luisão, Garay, Luís Martins (Miguel Vítor, 64’), Matic, Witsel, Gaitán (Nolito, 81’), Aimar (Cardozo, 73’), Bruno César e Rodrigo.


Treinador

Jorge Jesus.

Basileia

Sommer, Steinhofer, Abraham, Dragovic, Park Joo Ho, Huggel, Xhaka (Cabral, 81’), Shaquiri, Chipperfield (Kusunga, 89’), Fabian Frei e Zoua (Kwang Ryong Pak, 90’+3’).


Treinador

Heiko Vogel.

Árbitro

Carlos Velasco Carballo, de Espanha. Amarelos Park Joo Ho (18’), Huggel (34’), Aimar (45’+1’), Garay (45’+2’), Maxi Pereira (57’) e Miguel Vítor (89’).


Golos

1-0, por Rodrigo, aos 4’;


1-1, por Huggel, aos 64’.


Notícia actualizada às 22h30
Sugerir correcção
Comentar