Alemanha admite taxa Tobin só na zona euro

Foto
Wolfgang Schäuble Thomas Peter/ Reuters (arquivo)

O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, pretende que a zona euro avance com um imposto sobre as transacções financeiras – conhecido como Taxa Tobin – mesmo que o Reino Unido e outros países bloqueiem um acordo ao nível da UE.

Schäuble quer também “passos maiores” no sentido de uma união orçamental nos Estados da zona euro avancem, segundo uma entrevista publicada hoje pelo diário britânico Financial Times.

Quando, há algumas semanas, a Alemanha e a França se puseram de acordo sobre uma iniciativa conjunta para promoverem a adopção da taxa Tobin, fizeram saber que pretendiam levar o assunto à próxima cimeira do G20 (que vai decorrer quinta e sexta-feira em França), mas que pretendiam que a Europa avançasse, independentemente de a ideia ser ou não acolhida neste fórum – ideia que agora Schäuble reiterou.

A ideia é que a Europa funcione como pioneira de uma medida que disseram esperar que viesse depois a ser adoptada noutros locais.

Contudo, vários países têm-se oposto com particular veemência à introdução de um imposto deste tipo – cujo nome vem do economista norte-americano James Tobin, que o propôs pela primeira vez em 1972, para minimizar a especulação com divisas – nomeadamente o Reino Unido e os EUA, onde o sector financeiro actua com menor regulação.

A oposição do Reino Unido pode no entanto inviabilizar a adopção da medida ao nível da UE, e por isso a entrevista de hoje de Schäuble assume particular relevância por mostrar o que parece ser a determinação da Alemanha em avançar nesta frente independentemente dos constrangimentos externos.

O ministro alemão defendeu que mais regulação financeira é uma componente essencial da solução da crise global e afirmou: “Estou convencido de que se introduzirmos um imposto sobre as transacções financeiras na UE, as probabilidades de alcançarmos um acordo global aumentarão enormemente.”

“Preferia que chegássemos a acordo no G20. Mas antes de usarmos o G20 como desculpa para não fazermos nada durante muito tempo, se não conseguirmos chegar a acordo aí, sou favorável a avançar na Europa”, explicou, reiterando uma posição que é pública há semanas.

Lembrando a oposição do Governo do Reino Unido (onde o sector financeiro assume uma importância particular), afirmou que primeiro haverá uma discussão ao nível da EU, a 8 de Novembro, mas que se não der resultados a zona euro deve considerar se avança sozinha.

“Se não podermos alcançar um acordo a 27, então devemos considerar se não devemos introduzir primeiro [este imposto] nos 17 membros da zona euro, na expectativa de que em breve será introduzida em todos os 27”, explicou Schäuble.

Sugerir correcção
Comentar