Agência de notação DBRS corta rating a Portugal

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Avaliações da DBRS são tidas em conta pelo BCE no financiamento da banca Pedro Cunha

A agência de notação financeira canadiana DBRS cortou hoje o rating da dívida portuguesa em um nível (de BBB “alto” para BBB), antecipando que o Governo terá mais dificuldades em cumprir o défice de 2012 por causa da recessão económica e das derrapagens orçamentais detectadas este ano.

A República portuguesa fica, assim, classificada no nono lugar mais elevado em 20 níveis (ordenados de forma descendente) para a classificação do risco associado à dívida do país.

“O ajustamento necessário para alcançar o défice em 2012 vai ser significativamente maior do que previamente antecipado num ambiente económico mais difícil”, justifica a agência numa nota publicada no seu site.

A agência canadiana, com uma quota de mercado reduzida (Standard & Poor’s, Fitch e Moody’s controlam cerca de 90% do mercado de rating), tinha revisto a nota da dívida portuguesa em Maio. Portugal já tinha, nessa altura, acordado o empréstimo de 78 mil milhões de euros com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional.

Agora, a DBRS entende que os riscos de o Estado não cumprir a consolidação orçamental aumentaram. Os desvios nas contas públicas de 2011 são da ordem dos dois pontos percentuais do PIB (3,4 mil milhões de euros). Serão “cobertos com recurso a medidas temporárias”, lembra a agência, mas a sustentabilidade das finanças públicas, dizem os analistas da agência, depende em muito do crescimento económico.

O Governo prevê para 2012 uma profunda recessão, pior do que previa há pouco mais de um mês. A economia deverá estar no próximo ano a cair 2,8%, o que, a confirmar-se, será a pior contracção económica desde 1975.

A somar ao ambiente de deterioração económico, a agência teme um agravamento da situação portuguesa por causa da crise da dívida grega e, em consequência disso, que os mercados de dívida continuem fechados para o Estado. “Não é claro em que altura Portugal poderá voltar aos mercados de dívida de longo prazo. O envolvimento do sector privado na reestruturação da dívida grega pode prolongar a incerteza e atrasar o regresso aos mercados financeiros”, acentuam os analistas da DBRS.

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