Ajustamento económico adiado em 2010 explica pedido de ajuda

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O BdP prevê uma recessão prolongada com consequências para as famílias Pedro Cunha

A culpa do pedido forçado de ajuda externa feito por Portugal não é só da crise financeira internacional e da crise da dívida soberana europeia, defende o Banco de Portugal.

No relatório anual publicado ontem, a entidade liderada por Carlos Costa assinala que foi o adiamento, em 2010, da correcção dos desequilíbrios orçamentais e externos da economia portuguesa - incluindo défices públicos acima do esperado - que fizeram com que Portugal ficasse exposto a uma avaliação negativa por parte dos mercados financeiros internacionais.

"Os investidores internacionais singularizaram a economia portuguesa principalmente em função do elevado nível de endividamento externo e do baixo crescimento tendencial, em conjugação com níveis do défice e da dívida pública relativamente altos e superiores ao esperado", afirmam os responsáveis do banco central.

Num cenário em que a crise soberana europeia dificultou o acesso dos vários países aos mercados, "estes desenvolvimentos contribuíram para avolumar os receios dos investidores internacionais sobre a sustentabilidade das finanças públicas e sobre a dinâmica intertemporal da dívida externa, tornando inadiável o pedido de assistência financeira internacional", escreve-se no documento.

Para o banco, esta situação poderia ter sido evitada, mas, lamenta o relatório, "em 2010 foi de novo adiado um ajustamento significativo dos desequilíbrios da economia portuguesa". Em particular, o Banco de Portugal critica o que diz ter sido uma "insuficiente consolidação das finanças públicas", com a política orçamental a ser classificada de apenas "ligeiramente restritiva". O banco assinala ainda que "as medidas de consolidação importantes foram implementadas apenas a partir de meados de 2010", tornando limitado o seu impacto.

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