Emplastros chineses e escultura de marfim apreendidos em operação de fiscalização na Portela

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A operação no aeroporto da Portela termina hoje à meia-noite Foto: João Henriques/arquivo

Uma série de emplastros chineses feitos com partes de tigre e veado almiscarado e uma escultura em marfim foram apreendidos durante uma operação especial ao tráfico de espécies no aeroporto da Portela, em Lisboa, de 8 a 12 de Abril.

Na embalagem, por baixo dos caracteres chineses, está escrito que os emplastros que vieram parar a Lisboa escondidos em malas de mão, e que foram apreendidos hoje, resolvem “dores reumáticas, musculares e contusões”. Tudo graças a partes de tigre e de veado almiscarado, duas das mais de 800 espécies protegidas pela CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies de Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção).

A operação dos funcionários da alfândega e do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), que termina hoje à meia-noite, resultou ainda na apreensão, no domingo, de uma peça de marfim esculpida.

Hoje, as autoridades apreenderam várias plantas secas – teixos orientais e raízes de orquídeas - que chegaram numa bagagem não acompanhada vinda de Pequim. O passageiro, que já tinha desembarcado anteriormente sem bagagem, deverá agora apresentar-se na alfândega.

As espécies CITES de comércio ilegal que mais chegam a Portugal são répteis e elefante (marfim), explicou hoje Ana Paula Raposo, sub-directora geral de Alfândegas e Impostos Especiais sobre Consumo.

Segundo esta responsável, operações de fiscalização como esta “são coordenadas pelo ICNB e Direcção-Geral de Alfândegas, de acordo com um planeamento prévio dos dias em que há rotas mais críticas, e que prevêem acções direccionadas e com mais meios”, em relação ao trabalho que é feito diariamente.

João Loureiro, do ICNB, mostrou-se preocupado com duas tendências florescentes: o corno de rinoceronte, que no mercado negro chega aos 80 mil euros, e carne seca de animais selvagens, como macaco e morcegos.

“A criatividade é extensíssima. As peças chegam dentro de bolsas das malas, dos sapatos, tudo desmontado em sacos de plástico”, contou Ana Paula Raposo. Os funcionários alfandegários “apanham surpresas ao abrir as malas. Uma vez encontraram uma cobra viva dentro de uma mala, entre a roupa, e um crocodilo vivo dentro de uma caixa”, lembrou João Loureiro.

“Este tráfico é uma efectiva ameaça à biodiversidade”, comentou hoje o secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa. “Temos, enquanto país, o grande dever de prestar atenção a esta matéria”.

Sérgio Vasques, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, adiantou que estão previstas para este ano acções de formação conjunta com ICNB e funcionários da alfândega. “Este comércio é profundamente danoso para a nossa sociedade”, considerou.

Em 2009, o último ano em que há dados tratados, foram feitas 345 apreensões em Portugal, de acordo com o relatório da Unidade de Aplicação de Convenções Internacionais, enviado à CITES.

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