Personalidades contra política energética assente nas renováveis apresentam hoje manifesto

Um grupo de empresários, economistas e engenheiros – alguns deles defensores de uma opção nuclear em Portugal – apresentam hoje um manifesto que visa uma nova política energética e que se assume contra a opção das renováveis.

Os signatários deste manifesto, que consideram essencial “que as empresas disponham de energia a preços internacionalmente competitivos”, sublinham que a actual política energética seguida pelo Governo de José Sócrates “tem vindo a ser dominada por decisões que se traduzem pela promoção sistemática de formas de energia ‘politicamente correctas’, como a eólica e a fotovoltaica”.

Estas formas de produção de energia, frisam os mesmos signatários, “apenas sobrevivem graças a imposições de carácter administrativo que garantem a venda de toda a produção à rede eléctrica a preços injustificadamente elevados”, sendo “os consumidores a suportar os sobrecustos”.

“Os efeitos da actual política energética [...] são particularmente graves, pois perdurarão negativamente mesmo que sejam eliminados os outros factores de atraso económico e condicionarão qualquer possibilidade de atracção de investimento, seja ele nacional ou estrangeiro”, adiantam ainda.

A apresentar o documento estarão Francisco Van Zeller, Luís Mira Amaral, Clemente Pedro Nunes e José Luís Pinto de Sá. Francisco Van Zeller e Mira Amaral têm defendido que Portugal deve considerar a hipótese de entrar num projecto de energia nuclear em parceria com Espanha, que já tem centrais nucleares.

Também o professor catedrático do Instituto Superior Técnico (IST) Clemente Pedro Nunes é um defensor da energia nuclear, tendo defendido essa opção em conferências sobre o tema. Para Clemente Pedro Nunes, “no leque das oportunidades de diversificação competitiva futura incluem-se a biomassa, a hidroeléctrica, a eólica, e sobretudo o nuclear”.

Já o engenheiro e também professor do IST José Luís Pinto de Sá defende, num texto publicado no site do Instituto Francisco Sá Carneiro, que é “evidente a necessidade de Portugal considerar seriamente a opção nuclear como estratégia energética e económica, dada a sua controlabilidade, não emissão de CO2 e baixo custo da energia gerada”.

Para o professor, “não se trata, porém, e no imediato, de considerar a compra de uma central nuclear, com a mesma irresponsabilidade e ausência de planeamento com que foi feita a importação de equipamentos de energias renováveis, mas sim e apenas de iniciar a preparação de uma possível futura opção nesse sentido”.

Além das quatro individualidades que vão apresentar o manifesto, o documento é ainda assinado por nomes como Pedro Sampaio Nunes – consultor do empresário Patrick Monteiro de Barros no projecto da construção de uma central nuclear em Portugal – e Augusto Barroso, o presidente da Sociedade Portuguesa de Física e investigador na área da Física das Partículas e Altas Energias.

Os mentores da iniciativa garantem que o manifesto não visa discutir a opção do nuclear, mas sim repensar a estratégia das renováveis.

O documento foi já criticado pelo secretário de Estado da Energia, Carlos Zorrinho, considerando que ele configura um “regresso ao passado”.

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