Morreu Iegor Gaidar, o arquitecto das reformas russas da década de 1990

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Iegor Gaidar em foto de arquivo de 2006 Alexander Natruskin/Reuters

O economista russo Iegor Gaidar, “arquitecto-mor” das políticas de reformas adoptadas na década de 1990 na Rússia pós-soviética, morreu esta madrugada, aos 53 anos de idade, devido a problemas cardiovasculares.

Porta-voz do antigo primeiro-ministro russo, Valeri Natarov, precisou ter-se tratado da formação de um coágulo sanguíneo, mas não adiantou mais detalhes clínicos, de acordo com a agência noticiosa russa RIA Novosti. Avançou porém que Gaidar, autor de vários livros sobre a economia e política da Rússia, “morreu enquanto trabalhava na escrita de um novo livro”. Encontrava-se na sua residência em Odintsovo, nos arredores de Moscovo, foi avançado por fonte da polícia citada pela agência noticiosa estatal Interfax.

Gaidar, que chefiou o Governo durante seis meses de 1992, sob a presidência de Boris Ieltsin, é o criador das reformas liberais da chamada “terapia de choque” que guinaram a Rússia para a economia de mercado logo após o colapso da União Soviética em 1991.

É a ele que são atribuídas as responsabilidades – para o bem e para o mal – da primeira vaga de privatizações na Rússia, assim como a política de levantamento do controlo de preços por parte do Estado, medida que o tornou à altura um dos mais populares políticos no país.

O também chamado “czar” das reformas russas não tem sido, porém, mais do que uma figura marginal na política do país na última década, sobretudo desde o consolidar no poder da “democracia soberana” sob a égide de Vladimir Putin.

As menções mais frequentes que lhe são feitas agora na Rússia têm um tom de forte crítica, culpando-o pelo caos das privatizações e pela derrapagem da economia que deixou milhões de russos com as poupanças desvalorizadas e as riquezas do país entregues nas mãos de um pequeno grupo de oligarcas.

Gaidar chefiava desde há alguns anos o think tank moscovita Instituto para a Economia em Transição, abertamente crítico das políticas económicas seguidas por Putin, antes no Kremlin e agora à frente do Governo russo.

Notícia actualizada às 10h50
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