Caparica: especialistas defendem reposição de língua de areia para travar erosão das praias

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A alimentação artificial das praias não resolve o problema de forma permanente, disse José Cerejeira Pedro Cunha (arquivo)

Repor a língua de areia entre a Cova do Vapor e o Bugio pode ser essencial para resolver o assoreamento e travar a erosão nas praias da Caparica, defenderam ontem especialistas num encontro promovido pela Sociedade de Geografia de Lisboa.

“Esta obra até evitaria a ampliação do Porto de Lisboa, que poderia passar para a Trafaria. Era muito mais rápida e barata de se fazer”, disse José Manuel Cerejeira, engenheiro civil com mais de 30 anos de experiência em projectos de portos, estaleiros navais e obras marítimas.

Desde que, nos anos 40, se retiraram areias para construir terraplenos na margem Norte do Tejo, as praias da Costa da Caparica começaram a ter falta de areia. Todos os anos a Administração do Porto de Lisboa (APL) faz a reposição.

Segundo o especialista, na sequência de estudos dos anos 90 – com a colaboração do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) -, a APL lançou um concurso internacional para o fecho da golada a fim de conseguir melhores condições de navegação no canal e permitir receber navios de 4ª geração. Mas a obra acabou por ser inviabilizada pelo Governo em 1992.

Na altura, o custo da obra rondava os 25 milhões de euros. Desde então já foram gastos mais de 30 milhões para reforçar a protecção da costa e do farol e para alimentar as praias, salientou. “Esta não é nada uma obra faraónica”, comentou.

“A alimentação artificial [das praias] não resolve o problema com carácter permanente. A obra do fecho da golada é indispensável e quanto mais tarde se fizer, pior”, alertou.

António Brotas, da secção de Transportes da Sociedade de Geografia, defendeu que o fecho da golada permitiria criar uma estrutura portuária na Trafaria, evitando o custo da ampliação do Porto de Lisboa. “Permitiria desbloquear o problema dos contentores do Porto de Lisboa e, em termos de infra-estruturas ferroviárias, bastam dez quilómetros. Seria um investimento reduzido”, realçou.

Também presente na sessão esteve Diogo Pinto, do Instituto Superior Técnico, que considerou que o projecto do fecho da golada deveria ser um PIN (Projecto de Interesse Nacional).

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