Antigo dono do banco Efisa quis recomprar a instituição ao BPN antes da nacionalização

Ao avançar com uma proposta de recompra da totalidade do capital do banco Efisa, Vakil, ex-quadro do Banco de Portugal, procurou, entre outras coisas, antecipar-se à nacionalização do seu accionista, o BPN. A intervenção estatal estava a ser equacionada e foi anunciada no último domingo, abrangendo todas as empresas participadas, como é o caso do banco Efisa. Criado em 1996, por Vakil, entrou em 2001 para a esfera do BPN, na altura presidido por José Oliveira e Costa, sobre quem pende a acusação de gestão danosa.

Com esta iniciativa, Vakil, que integrava a administração de Oliveira e Costa, visou igualmente retirar o Efisa dos holofotes públicos, dado que este possui uma relação umbilical com o BPN, que está a ser investigado por várias ilicitudes.

"Confirmamos que recebemos uma proposta" de aquisição por parte de Abdool Vakil, disse ao PÚBLICO fonte oficial do BPN. Adiantou que a transacção foi recusada por ser considerada "inaceitável". O PÚBLICO procurou obter um comentário de Vakil, mas este não esteve disponível para falar.

No quadro da reestruturação do grupo, Cadilhe previa a abertura do capital do banco Efisa, ficando o BPN com mais de 50 por cento. A proposta envolvia a compra da totalidade do banco e previa um acerto de contas associadas à operação de venda do Efisa ao BPN. Vakil não avançou com um valor específico, mas sim com um intervalo.

O Efisa tem actualmente em carteira as operações de alienação das participadas do BPN, surgindo ainda envolvido activamente no mercado de fundos de capital risco e em negócios associados a off-shores. Isto, para além de prestar assessoria e consultoria a entidades privadas, mas também do universo estatal, nomeadamente ligadas ao Ministério das Obras Públicas, aos CTT e Carris.

Tem trabalhado, também, para governos africanos e para empresas brasileiras. Entre os clientes privados mais conhecidos do Efisa está a família Mirupi, ligada à falida Air Luxor.

Nos últimos anos, o Efisa tem também surgido associado a casos controversos como o da Privatel e o da Geocapital, ligada a Stanley Ho, e presidida por Ferro Ribeiro. Esta empresa acusou o Efisa de não ter feito as diligências devidas para realizar um trabalho encomendado e de mesmo assim ter cobrado uma comissão elevada. Em causa está uma carta enviada há algum tempo pelo então administrador da Geocapital, João Silveira Botelho (agora não executivo), a propósito de um pedido de financiamento para uma obra a realizar na Índia. A missiva motivou uma justificação escrita do CEO do Efisa, alegando terem sido realizadas todas as diligências possíveis. A informação foi confirmada junto de fonte da Geocapital, mas não foi possível obter um esclarecimento por parte de Vakil.

Vakil substituiu presidente

No início do ano, Oliveira e Costa abandonou o grupo, por pressão do Banco de Portugal, tendo sido substituído transitoriamente por Vakil. Quando Cadilhe foi convidado pelos accionistas, o actual CEO do banco Efisa não integrou a sua equipa de gestão, o que foi interpretado como um sinal de distância entre os dois, conhecidos por desenvolverem diferentes estilos de gestão.

As autoridades estão a investigar eventuais actos danosos realizados pela equipa de Oliveira e Costa. A situação gerou uma situação de insolvência com insuficiências financeiras da ordem dos 800 milhões de euros.

Foi esta situação, agravada pela crise financeira, que abriu espaço para a nacionalização do BPN, solução que gerou controvérsia e levou Cadilhe, que assumiu funções em Julho, a colocar o lugar à disposição. O antigo ministro das Finanças alegou tratar-se de uma solução política, pois tinha entregue à tutela uma proposta para resolver os problemas no BPN que foi recusada.

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