Ano de 2008 vai ser decisivo para desenvolvimento e consolidação do sector eólico em Portugal
Se o projecto da Eneop em Viana do Castelo – liderado do ponto de vista tecnológico pelos alemães da Enercon e que constitui a parte fundamental do novo cluster industrial eólico – arrancou um ano antes do previsto, por iniciativa dos próprios germânicos, não é de esperar que o mesmo aconteça com os outros dois projectos.
A Ventinveste assinou o contrato com o Governo português apenas em 18 de Setembro passado, meio ano depois das próprias primeiras previsões oficiais, e ainda não são conhecidos desenvolvimentos no terreno. Quanto aos 200 megawatts da outra fase do concurso, ainda não foram atribuídos, quando a intenção inicial do Ministério da Economia era ter este último processo arrumadoaté ao fi nal do ano que agora está a terminar.
Se a incógnita permanece quanto à fase C, o mesmo não poderá dizer a Ventinveste, cujo parceiro tecnológico é a Repower. Embora, desde Setembro, seja apenas conhecido o facto de este agrupamento de empresas ter passado já a empresa, o consórcio tem de colocar 19 unidades industriais em acção ao longo deste ano. Neste conjunto, 15 unidades serão detidas pela empresa-mãe ou por membros do consórcio, para que se cumpra a promessa contratual de erguer o seu primeiro parque eólico em 2009.
A Ventinveste terá, segundo as condições do concurso que foi lançado pelo Governo, de produzir 130 aerogeradores anualmente e 267 conjuntos de pás, e mais de 90 por cento dos componentes destes aerogeradoresterão de ser fabricados em Portugal. A companhia tem, ainda, por obrigação contratual contribuir para um fundo de inovação, tal como a Eneop.
Em Viana do Castelo, a fábrica da responsabilidade dos alemães da Enercon, que são o parceiro tecnológico da Eneop, deverá funcionar já em cruzeiro em Março de 2008, com 540 trabalhadores distribuídos por dois turnos.
Produzir em famíliaA antecipação da sua entrada em funcionamento em cerca de um ano deveu-se a uma opção da Enercon, face à existência de encomendas de equipamento por parte de clientes portugueses fora do consórcio.
Neste primeiro ano, a companhia vai produzir 450 pás. Depois, a partir de 2008 e até 2010, produzirá integralmente para os parceiros do consórcio (Enernova, da EDP, Finerge, da Endesa, Generg, da Electrabel e Fundação Oriente, e Sodesa, da Endesa e Sonae). A partir desse ano, está obrigada a exportar 60 por cento do total da sua produção.
A fase A do concurso eólico lançado pelo Ministério da Economia, ganho pela Eneop, consórcio que é liderado pela EDP/Enercon, para atribuição de 1200 MW, prevê 18 instalações industriais, seis construídas de raiz e 12 ampliações de unidades já existentes, e mais de 1500 milhões de euros de investimento no total.
Com o pólo industrial eólico a desenvolver em Viana do Castelo, a Enercon vai construir integralmente os geradores pela primeira vez fora da Alemanha e terá na cidade minhota a sua unidade mais avançada.
Para todo este movimento industrial, há um desejo comum entre os vários protagonistas do sector: que não falte o vento em 2008.