Manifestação em memória de transexual morto no Porto pede nova legislação contra crimes de ódio

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O corpo da vítima foi descoberto no passado dia 22, dentro de um poço, no piso subterrâneo de um parque de estacionamento no Porto Adriano Miranda/PÚBLICO (arquivo)

Dezenas de pessoas juntaram-se hoje em frente da sede do Patriarcado de Lisboa para lembrar a morte do transexual Gisberta e exigir nova legislação contra os crimes de ódio e uma reforma do sistema de protecção de menores.

Sérgio Vitorino, da Frente de Combate à Homofobia (Panteras Rosas), uma das organizações participantes, exigiu que o Estado garanta "um profundo debate e medidas políticas de reforma profunda do sistema de protecção de menores".

O dirigente defendeu ainda que o Estado deve assumir "as responsabilidades que tem na protecção das minorias e no reconhecimento dos direitos das minorias e na sua protecção contra situações de extrema violência e de discriminação através de legislação que o previna".

O crime ocorreu no fim-de-semana de 18 e 19 de Fevereiro, mas o corpo só foi descoberto no dia 22, dentro de um poço com cerca de dez metros de profundidade, no piso subterrâneo de um parque de estacionamento na cidade do Porto.

Com velas e cartazes com frases de ordem os manifestantes reuniram-se para lembrar a morte de Gisberta. Entre frases como "Basta de agressão", "Trans em luta", "Uma questão de direitos humanos" ou "Exclusão e discriminação-violência", a vigília decorreu em quase total silêncio em frente do Patriarcado, com as organizações a apontarem o dedo à Igreja e acusarem a instituição de ter falhado na protecção de menores e de ter, habitualmente, "um discurso de incompreensão e de discriminação das minorias, nomeadamente das minorias sexuais".

"Nesse sentido, preferimos que o Estado assuma as suas responsabilidades com os menores em risco e deixe de abandonar crianças em instituições da Igreja", defendeu Sérgio Vitorino.

O representante da Frente de Combate à Homofobia adiantou ainda que estão a ser pensadas outras iniciativas relativas a este caso, nomeadamente a elaboração de um livro com mensagens de condolências para ser entregue na Assembleia da República e de uma petição em favor da legislação contra crimes de ódio e pela reforma do sistema de acolhimento de menores, as entregar ao Parlamento e ao Governo.

Entre os organizadores e participantes na vigília contou-se ainda a Associação para o Estudo e Defesa do Direito à Identidade do Género, SOS Racismo, Associação Abraço, Casa do Brasil e a Associação Não Te Prives (Grupo de Defesa dos Direitos Sexuais).

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