Neuróbica: primeiro curso destinado a crianças realiza-se terça-feira em Lisboa

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A neuróbica é a designação criada pelo neurobiólogo Lawrence Katz para um conjunto de exercícios de estimulação cerebral DR

A nova técnica serve para melhorar a concentração, treinando a criatividade e inteligência através de exercícios simples como trocar de mão para lavar os dentes, contrariando a rotina e obrigando à estimulação do cérebro.

Os participantes vão aprender a concentrar-se, a desenvolver os sentidos da visão, tacto e audição, fortalecendo ao mesmo tempo determinadas zonas do cérebro implicadas na memória, criatividade e inteligência.

A neuróbica é a designação criada pelo neurobiólogo Lawrence Katz - investigador do instituto médico norte-americano Howard Hughes - para um conjunto de exercícios de estimulação cerebral.

O objectivo é conseguir um rejuvenescimento celular de certas áreas do cérebro (como neocórtex e hipocampo).

"Trata-se de uma espécie de ginástica mental, para despertar e desenvolver as capacidades cognitivas, e em que se manipulam os sentidos", resumiu, à Lusa, Nelson Lima, director do instituto.

É através dos nossos sentidos que captamos a informação do exterior. "Por isso, a neuróbica utiliza os sentidos como instrumento de trabalho para exercitar determinadas áreas do cérebro que estão habituadas à rotina", explicou.

Cerca de 80 por cento do nosso dia-a-dia é ocupado por rotinas, que apesar de terem a vantagem de reduzir o esforço intelectual, escondem um "efeito perverso": limitam o cérebro.

Para contrariar essa tendência, há que fazer exercícios, alguns tão simples como lavar os dentes de vez em quando com a mão esquerda, no caso de se ser dextro.

"Aí, as pessoas só pensam no que estão a fazer, concentram-se na tarefa", disse, desafiando as pessoas a "fazer tudo aquilo que contraria as rotinas", obrigando o cérebro a um trabalho adicional.

No curso de terça-feira, que será repetido no Porto dia 29, serão feitos exercícios adequados à estimulação cerebral, à imaginação visual, à criatividade, como pedir aos alunos para se imaginarem e descrever o mundo daqui a 500 anos ou ler um livro de pernas para o ar ou de trás para a frente.

E se, nas crianças, a técnica tem como vantagem melhorar a concentração, raciocínio lógico e pensamento criativo, nos mais idosos ajuda à longevidade do cérebro.

"As ramificações do cérebro que não são usadas deixam de existir. A neuróbica potencia a criação de novas ligações, obrigando o cérebro a resolver determinados obstáculos a que não estava habituado", disse.

Um bom exercício para o cérebro de uma pessoa idosa é aprender uma língua nova, por exemplo.

A Academia de Neuróbica do Instituto da Inteligência formou já cerca de 40 monitores e instrutores que trabalham em diversas instituições, nomeadamente lares de idosos, estando agora em perspectiva o trabalho com empresas.

Mas a neuróbica é mais do que um conjunto de exercícios cerebrais, promovendo também mudanças de estilos de vida.

"Temos exercícios físicos, alguma ginástica apropriada à oxigenação do cérebro", relatou.

Importante é também a prática de uma alimentação adequada, que exclua as bebidas alcoólicas em excesso, que provocam dificuldades de aprendizagem, por exemplo, ou alimentos com gordura saturada (fritos).

O próprio tabaco, frisou Nelson Lima, "faz terrivelmente mal ao cérebro".

"É profundamente prejudicial pelos tóxicos, como a nicotina, que vão actuar nas ramificações do cérebro", disse.

O investigador salientou ainda a importância de conjugar a preocupação com a saúde do corpo com a preocupação com a saúde do intelecto: "Viver mais, sim, mas viver melhor, com mais qualidade".