Bolsonaro é oficialmente candidato à presidência

Nome de vice-presidente ainda em aberto. Depois de várias recusas, Janaina Paschoal foi contactada, mas “precisa de tempo para decidir”. Na convenção do PSL, a advogada fez um discurso “desalinhado” que gerou desconforto.

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Bolsonaro ao lado de Janaina Paschoal, que ainda não decidiu se se candidata a vice Reuters/RICARDO MORAES

É oficial: depois da convenção nacional do Partido Social Liberal (PSL), neste domingo, no Rio de Janeiro, o polémico deputado federal Jair Bolsonaro, de 63 anos, foi confirmado como candidato à Presidência da República nas eleições de Outubro.

Em aberto ficou a escolha do candidato a vice-presidente, já que a advogada Janaina Paschoal, autora do pedido de destituição de Dilma Rousseff, ainda está “dialogando” com a campanha. O jornal Globo diz que, segundo um comunicado emitido durante a convenção, o partido irá definir o nome até 5 de Agosto. 

O senador Magno Malta (PR) e o general Heleno (PRP) recusaram convites. “Janaina Paschoal foi contactada há pouco tempo e precisa de um tempo para decidir. Ela tem família, filhos em São Paulo, e ser ‘vice’ causaria uma mudança grande. O certo é que dificilmente será alguém de fora do partido. A nossa lagoa é pequena, mas é boa”, disse Bolsonaro, militar na reserva com posições de extrema-direita, que trocou o Partido Social Cristão pelo PSL e que defende o passado de ditadura militar do país.

A BBC conta que a advogada foi recebida pelos cerca de dois mil militantes com gritos de “vice! Vice!”, mas foi rápida a causar o anticlímax e o seu discurso foi considerado “desalinhado”, o que gerou incómodo.

“Não aplaudam, não gritem, eu quero conversar com os senhores”, anunciou. “Não se ganha eleição com pensamento único. Não se governa uma nação com pensamento único. Muitas vezes, os seguidores do deputado Jair Bolsonaro têm uma ânsia de ouvir um discurso inteiramente uniformizado. Pessoas só são aceites quando pensam exactamente as mesmas coisas. Reflictam se não estamos fazendo o PT ao contrário”, disse Janaína Paschoal. “A minha fidelidade não é ao deputado Jair Bolsonaro, é ao meu país”, concluiu.

Janaína Paschoal anunciou que “não é possível tomar uma decisão em dois dias”. Se aceitasse, seria a primeira mulher a integrar a cúpula do poder de Bolsonaro, acrescenta ainda a BBC. Que relata que, questionado sobre a ausência de mulheres na sua equipa, o deputado afirmou que não fará esforço para integrá-las porque o critério para empregar pessoas é a “competência”. 

Bolsonaro está a ser julgado no Supremo Tribunal Federal por crime de apologia à violação e injúria. Em 2014, afirmou que não violaria a deputada Maria do Rosário (PT-RS) porque ela “não merece” e a Procuradoria-Geral da República pediu uma acção penal. Também foi acusado de racismo pela procuradora-geral do Brasil, Raquel Dodge, por palavras ditas em várias ocasiões, “contra quilombolas, indígenas, refugiados, mulheres e LGBT”.

Entre as propostas do candidato estão algumas bastante polémicas: quer acabar com a designação de trabalho análogo à escravidão e com a indústria das multas nas estradas, porque “emperra o turismo”. Quer ainda a privatização de empresas estatais, diz o Globo. “Começaria por extinguir o Ministério das Cidades. O dinheiro tem de ir directo para municípios e estados. Juntaria a Fazenda com o Planejamento, Meio Ambiente com Turismo”, disse. Quer acabar com a “discricionariedade” das multas aplicadas por órgãos que defendem o meio ambiente e tirar o Brasil do Acordo de Paris.

No seu discurso, Bolsonaro agradeceu a Deus, citou a Bíblia e destacou que, embora o PSL não seja um partido considerado grande, conta com apoio do “povo brasileiro”, e que o “Brasil não aguenta mais quatro anos de PT ou PSDB”.

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