Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas arguido em burla de 50 mil milhões

O general Sachipendo Nunda e outros três generais são acusados de burla, fraude, associação criminosa, falsificação de documentos e falsificação de títulos de crédito. Negócio envolvia suposto investimento tailandês em Angola.

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João Lourenço anunciou uma campanha de combate à corrupção Fernando Villar/EPA

O chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas angolanas foi constituído arguido no processo de crime de tentativa de burla ao Estado de 50 mil milhões dólares, revelou nesta segunda-feira o director da Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal, Luís Ferreira Benza Zanga.

Benza Zanga, que é também sub-procurador-geral da República de Angola, salientou que o general Sachipendo Nunda junta-se assim a outros três generais também constituídos arguidos neste caso. Trata-se de um processo relativo aos crimes de burla por fraude, associação criminosa, falsificação de documentos e falsificação de títulos de crédito no valor de 50 mil milhões de dólares (cerca de 40 mil milhões de euros), de um suposto financiamento tailandês para investimentos em Angola.

Segundo aquele responsável do departamento de investigação angolana, foram também constituídos arguidos o antigo director da Unidade Técnica de Investimento Privado, Norberto Garcia, igualmente secretário para a Informação do MPLA, partido no poder, e o ex-director da Agência para a Promoção do Investimento e Exportação, Belarmino Van Dunem.

Encontram-se detidas 12 pessoas - entre elas estão pelo menos dois angolanos, quatro tailandeses, um eritreu e um canadiano -, tendo já sido ouvidas 14 pessoas envolvidas no caso, faltando três, explicou ainda a mesma fonte.

Benza Zanga acrescentou que no âmbito do processo, cuja investigação já recolheu cerca de 70% das provas, foram feitos alguns ofícios às instituições bancárias, ao registo comercial e às alfândegas, a fim de se aferir a regularidade tributária das empresas envolvidas.

"Há um grupo de supostos empresários, conectados com alguns angolanos, que fizeram démarches junto das instituições do Estado angolano vocacionadas para o efeito e essas instituições não observaram o rigor que era devido para este tipo de negócio", frisou.

O sub-procurador-geral da República disse que foi notado durante as investigações "um certo aproveitamento da situação, no sentido de se querer tirar algum proveito do valor prometido por essa empresa". "Como sabemos, [50 mil milhões de dólares] não é pouco dinheiro. Isso mexe com a tampa de qualquer um de nós", acrescentou.

Em causa está o anúncio, em finais de Novembro de 2017, de um financiamento disponível num banco das Filipinas, através do qual se pretendia desenvolver projectos de investimento em Angola no valor de 50 mil milhões de dólares, tendo sido rubricado pelo Estado angolano e a Centennial Energy Thailand um memorando de entendimento.

O documento foi rubricado pelo director da UTIP, Norberto Garcia, e pelo presidente do conselho de administração da Centennial Energy Thailand, Raveeroj Rithchoteanan, numa cerimónia que contou com a presença de dezenas de empresários angolanos e responsáveis bancários para dar a conhecer as condições de acesso ao referido fundo.

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