Ocidente começa a reagir à reeleição de Putin

França e Alemanha felicitam líder russo pela reeleição mas recordam responsabilidades na Síria e no caso Skripal. Putin diz-se disponível para um "diálogo construtivo" mas pede a europeus e norte-americanos que "mostrem interesse".

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Vladimir Putin prolongou o seu mandato presidencial até 2024 LUSA/SERGEI CHIRIKOV / POOL

Depois de o Presidente russo Vladimir Putin ter sido reeleito no domingo para um quarto mandato com 76,6% dos votos (o seu melhor registo eleitoral até à data), e depois de uma manhã de silêncio nas capitais europeias, os governos ocidentais começaram finalmente a endereçar as habituais e diplomáticas mensagens de felicitações ao chefe de Estado russo.

Até ao final da manhã desta segunda-feira, os parabéns tinham chegado apenas de líderes próximos de Moscovo — ou de concorrentes directos das capitais ocidentais — como o Presidente chinês Xi Jinping, que aproveitou para dizer que "a parceria estratégica de cooperação entre a China e a Rússia está no melhor nível da história", e que esta "constitui um exemplo para a construção de um novo tipo de relações internacionais”, segundo cita a BBC. Também os líderes do Irão, Cazaquistão, Bielorrússia, Venezuela, Bolívia e Cuba tinham felicitado prontamente Putin pela reeleição.

A Ocidente, porém, e num primeiro momento, o agudizar das tensões pelo caso do envenenamento do ex-espião russo Sergei  Skripal no Reino Unido parecia ter inibido as capitais europeias de endereçar felicitações ao líder russo. 

Acabaria por ser o Presidente francês Emmanuel Macron a quebrar o gelo e a entrar em contacto com Putin através de um telefonema em que desejou “êxito na modernização política, democrática, económica e social” da Rússia, anunciando o "compromisso" de Paris "com um diálogo construtivo entre a Rússia, França e Europa”, de acordo com um comunicado divulgado esta segunda-feira pelo Eliseu.

Durante o telefonema, Macron disse ser "essencial à segurança do continente europeu" a cooperação entre Paris e Moscovo. Falou ainda sobre a crise síria, tendo expressado especial preocupação em Afrin e em Ghouta oriental, pedindo à Rússia "maiores esforços para que cessem os combates e as perdas civis”.

Sobre o caso Skripal, o Presidente francês apelou às autoridades russas “que esclareçam todas as responsabilidades relacionadas com o inaceitável ataque de Salisbury e que recuperem com firmeza o controlo sobre eventuais programas que não terão sido declarados à Organização para a Proibição das Armas Químicas”. 

A Alemanha também já felicitou Putin pela reeleição. O Presidente Frank-Walter Steinmeier endereçou uma mensagem ao chefe de Estado russo e declarou-se "esperançoso" que Putin utilize o novo mandato para sanar divergências entre russos e alemães, cita a BBC. Já o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Maas, adoptou uma posição crítica e condenou a realização das eleições russas na Crimeia, assumindo que “a Rússia continuará a ser um parceiro difícil”.

Em Moscovo, entretanto, Putin declarou que se encontra disponível para um diálogo “construtivo” com o Ocidente, mas disse que para tal é necessário que ambos os lados “mostrem interesse”.

As presidenciais russas de domingo foram as primeiras desde a anexação do território ucraniano da Crimeira por Moscovo, condenada por europeus e norte-americanos.

A taxa de participação nas eleições de domingo foi de 67%, de acordo com a comissão eleitoral russa. Putin contabilizou mais de 56,2 milhões de votos, o que significa um aumento de cerca de 10 milhões relativamente às eleições de 2012.

Texto editado por Pedro Guerreiro

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