Olaf Scholz, o senhor que se segue a Schäuble

Novo ministro das Finanças da Alemanha já foi considerado uma figura equivalente a Merkel no SPD e um liberal entre os sociais-democratas, pragmático e flexível na negociação com outros partidos.

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Olaf Scholz é considerado um político pragmático e é um dos mais populares no SPD OMER MESSINGER/EPA

A selfie enviada aos membros do SPD foi vista como um sinal — no primeiro plano estão Olaf Scholz, um dos vice-presidentes do partido e presidente da Câmara de Hamburgo, e Andrea Nahles, a líder parlamentar do partido. Martin Schulz, o presidente, aparece muito atrás.

Pouco depois, os media alemães noticiavam que Scholz, 59 anos, ocupará o cargo mais importante do Governo a seguir ao da chanceler — o de ministro das Finanças.

Desde 2011, o jurista é presidente da câmara da cidade-estado de Hamburgo. Scholz venceu facilmente a primeira eleição, com maioria absoluta, devolvendo a Câmara de Hamburgo ao SPD e, em 2015, foi reeleito com 47%, negociando uma coligação com os Verdes para governar a cidade-estado. A sua popularidade levou o jornal Handelsblatt a questionar, em 2016, se o SPD teria “encontrado a sua Merkel” em Scholz — ou seja, um político que vence eleições mais por si do que pelo partido. O SPD chefia sete dos 16 estados federados alemães, e Scholz é o mais popular entre eles. 

No SPD, Scholz foi muito crítico da acção do líder após o desastre eleitoral de Setembro, em que os sociais-democratas obtiveram o pior resultado da sua história após a II Guerra Mundial, com 20,8%. Num manifesto cheio de pontos de exclamação no título, Scholz pedia resposta para o futuro e princípios claros para o partido, no que foi visto como uma preparação para uma candidatura ao cargo de Schulz.

Esta não será a primeira vez que Scholz participa numa “grande coligação”, um bloco central com os dois principais partidos da Alemanha: entre o final de 2007 e o de 2009 foi ministro do Trabalho sob Merkel. E, enquanto participante nas conversações para a grande coligação de 2013, foi o responsável para a política financeira do SPD; o responsável da CDU era Schäuble, um dos políticos mais populares na Alemanha também pelo equilíbrio de contas públicas e o famoso “schwarze Null”, um “zero preto” no orçamento, querendo dizer défice zero ou negativo.

Schäuble e Scholz chegaram mesmo a fazer, em conjunto, em 2014, uma ambiciosa proposta de reforma das finanças dos estados federados (uma espécie de mutualização da dívida nos estados alemães). Scholz é considerado um liberal entre os sociais-democratas, pragmático e flexível na negociação com outros partidos.

Para a Europa, a escolha de Scholz pode querer assinalar uma aproximação do Governo às ideias do Presidente francês, Emmanuel Macron, mas, avisa a revista britânica The Economist, esta é ainda “cautelosa”. Se não se espera de Scholz a dureza de Schäuble, “os seus instintos não diferem drasticamente dos de Merkel”.  

Em Hamburgo, teve sucessos e revezes. Herdou um projecto da Elbphilharmonie num estado caótico (incumprimento de orçamentos, prazos, etc.), mas conseguiu que a obra acabasse finalmente e se transformasse num ícone da cidade (o que não é tarefa menor quando comparado, por exemplo, com o aeroporto de Berlim, que deveria ter sido inaugurado em Outubro de 2011 e não tem ainda data de abertura).

Por outro lado, foi criticado pelo planeamento e acção das forças de segurança, que não conseguiram impedir o caos e a violência durante a cimeira do G8 na cidade hanseática em Julho de 2017. Scholz quis ainda candidatar a cidade a anfitriã de Jogos Olímpicos, mas esta ideia foi recusada pelos cidadãos em referendo.

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