Disparo de Pyongyang tem Mar-a-Lago como alvo

Coreia do Norte realiza teste balístico para condicionar encontro entre Donald Trump e Xi Jinping

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Exército americano considerou ensaio balístico "um fracasso" EPA/JEON HEON-KYUN

O Comando do Pacífico dos Estados Unidos determinou que o disparo de um míssil de médio alcance pela Coreia do Norte, esta quarta-feira, “foi um fracasso” e “não representou uma ameaça directa ao território nacional”. Mas o Exército norte-americano não se pronunciou sobre os estragos que o disparo pode ter provocado na Florida, onde arranca nesta quinta-feira a primeira cimeira bilateral EUA-China da era Trump.

Surpreendentemente, também o Departamento de Estado não se pronunciou sobre a acção beligerante de Pyongyang. “Sobre a Coreia do Norte já dissemos tudo o que há para dizer. Não temos mais comentários”, resumia a nota oficial com a assinatura do chefe da diplomacia americana, Rex Tillerson. Não era claro se estava a referir-se à sua conversa com Xi Jinping sobre as ambições nucleares de Kim Jong-un, há duas semanas em Pequim; se a lembrar as palavras do Presidente dos EUA ao Financial Times. “Se a China não resolver o problema da Coreia do Norte, resolvemos nós”, garantiu Trump.

Kim Jong-un não terá surpreendido ninguém com o seu ensaio militar: um míssil KN-15, disparado do porto de Sinpo, que caiu no mar do Japão depois de percorrer cerca de 60 km. Uma demonstração de força da Coreia do Norte, para condicionar a agenda do encontro em Mar-a-Lago era mais do que esperada: há pouco menos de um mês, a Coreia do Norte realizou o primeiro teste balístico do ano para coincidir com as conversações com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe. Por que razão não voltaria a fazê-lo agora que Trump recebe o seu principal (único) aliado?

A dúvida agora é se Kim Jong-un não decidirá subir a parada, dando luz verde a um novo ensaio nuclear, que seria já o sexto teste atómico desde que assumiu o poder, em Dezembro de 2011. Segundo os observadores da região, todos os sinais apontam nesse sentido: imagens de satélite e informações militares detectaram movimentações típicas da fase final de preparações para uma detonação nuclear no local de ensaios de Punggye-ri.

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