Microondas que se transformam em câmaras de vigilância? Conselheira de Trump diz que sim

Kellyanne Conway defendeu que as suspeitas de escutas não se cingiam aos telefones e que é possível vigiar através da televisão e de microondas que se transformam em câmaras. Depois de ser ridicularizada, disse que não é o "Inspector Gadget".

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LUSA/SHAWN THEW

"São factos da vida moderna". Foi assim que Kellyanne Conway descreveu a possibilidade de ter havido escutas pela Administração de Obama a Donald Trump, através de telefones, televisões e os mais variados electrodomésticos, incluindo "microondas que se transformam em câmaras" de vídeo.

A conselheira de Donald Trump deu este domingo uma entrevista ao North Jersey (do grupo do USA Today) em que lançou a possibilidade de as escutas à Trump Tower assumirem as mais variadas formas. Questionada sobre a acusação que Trump fez Obama, Conway defendeu que nos dias de hoje, há muitas maneiras de fazer escutas, além das tradicionais. "O que posso dizer é que há muitas maneiras de nos vigiarmos uns aos outros, infelizmente".

E quais são essas maneiras? Para Conway, não há grandes limites. É possível "vigiar alguém através dos seus telefones, certamente através dos aparelhos de televisão" e também, adicionou, "através de microondas que se transformam em câmaras".

A teoria de Conway foi prontamente criticada nas redes sociais, mas nem 24 horas tinham passado e já a conselheira de Trump estava a multiplicar-se em explicações. Em entrevista à ABC, Conway disse que estava a falar de um modo "geral", não fazendo acusações nem sugestões específicas, acrescentando que se referia a um artigo na imprensa que mencionava variadas técnicas de espionagem utilizadas pelos serviços secretos norte-americanos. "Eu não estava a fazer uma sugestão sobre [o caso] Trump Tower", disse. "Não tenho nenhuma prova, mas é por isso que há a investigação no Congresso", acrescentou.

Conway referia-se à investigação sobre o caso pedida ao Congresso pela Casa Branca depois de Trump ter denunciado, sem apresentar provas, que Obama tinha vigiado a Trump Tower durante a campanha para as eleições presidenciais de 2016.

Perante a nova polémica, Conway desdobrou-se em explicações nesta segunda-feira. Se à ABC já tinha referido que não tinha provas, em conversa com a CNN voltou a referi-lo, mas de um modo diferente. "Eu não sou o Inpector Gadget. Não acredito que usaram micro-ondas para espiar a campanha de Trump", acrescentou quando pressionada pelo jornalista.

Nesta explicação à CNN, Conway reforçou que não está em posição de ter provas. "É para isso que servem as investigações", lembrou, acrescentando que esta parte das escutas fará parte da investigação sobre a relação de Trump à Rússia que "até agora não foi a lado nenhum", referiu.

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