Guerra de palavras sobe de tom entre May e Sturgeon

Primeira-ministra britânica acusa nacionalistas escoceses de "obsessão" com a independência e assegura que o país sairá unido da UE.

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May acusou os nacionalistas escoceses de negligenciarem a governação Russell Cheyne/Reuters

Foi um ataque frontal, sem meias palavras contra Nicola Sturgeon, a líder do governo autónomo escocês, que há meses ameaça pedir um novo referendo para decidir a separação do resto do Reino Unido. Para a primeira-ministra britânica, Theresa May, o partido no poder em Edimburgo está tão obcecado com a independência que negligenceia a governação e os interesses da população.

A troca de palavras entre as duas capitais tem subido de tom, sobretudo desde que May anunciou em Janeiro que não pretende manter o Reino Unido no mercado único europeu – um tema caro aos escoceses que, no referendo de Junho, votaram 62% a favor da permanência na UE. Sturgeon quer garantir que a Escócia mantém o acesso ao mercado único e quer que parte dos poderes nas mãos de Bruxelas sejam transferidos para as autonomias. E perante os sinais de que Londres não pretende acatar as sugestões, avisa que um novo referendo é cada vez mais inevitável.

No seu primeiro discurso na Escócia, no congresso do partido conservador local, a primeira-ministra britânica contra-atacou. “Todos sabemos que o Partido Nacionalista Escocês (SNP) nunca vai parar de distorcer a realidade no seu esforço para denegrir o Reino Unido e alimentar a sua obsessão com a independência”, afirmou.

“Um nacionalismo que não vê mais nada, focado na independência a qualquer custo, serve mal a Escócia”, acrescentou, dando como exemplo a queda das escolas escocesas nos rankings nacionais ou a desaceleração da economia local. May disse que o governo autónomo não perderá nenhum dos poderes que detém, mas não deu como garantido a transferência de novas competências, e avisou que, no que depender dela, o país “sairá unido da UE”.

Edimburgo respondeu que os escoceses não deram a May um mandato para os afastar da UE e que foi a “obsessão dos tories com a imigração que conduziu ao desastroso processo do ‘Brexit’”.

May ainda não disse se permitirá a repetição do referendo (só o Parlamento britânico o pode autorizar), mas o discurso desta sexta-feira indicia que o seu governo está disposto a expor o que considera ser o bluff de Sturgeon. Isto porque as sondagens indicam que o apoio à independência é agora menor do que em 2014 e Londres acredita que a cisão com o resto do país, num momento em que se prepara a saída da UE, representa um cenário de instabilidade que poucos escoceses estão dispostos a admitir.

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