Macron queixa-se de hacking e "notícias falsas" russas

Secretário-geral do movimento de Macron denuncia ataques informáticos com origem na Rússia.

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Emmanuel Macron é o provável vencedor nas eleições de 7 de Maio, de acordo com as sondagens STEPHANE MAHE/Reuters

O candidato às presidenciais francesas Emmanuel Macron está a ser alvo das “notícias falsas” dos meios de comunicação russos e a sua campanha está a enfrentar uma série de ataques informáticos, denunciou o secretário-geral do movimento En Marche! de Macron, nesta segunda-feira.

O secretário-geral Richard Ferrand disse que os media russos Russia Today e Sputnik, controlados pelo Estado, disseminaram notícias faltas com o objectivo de manipular a opinião pública contra Macron. O centrista independente ganhou popularidade durante a campanha para as presidenciais francesas e as sondagens fazem dele um dos favoritos à vitória nas eleições de Abril e Maio.

Ferrand disse que Macron, um acérrimo europeísta, era um alvo dos russos porque quer uma Europa forte e unida, que tenha um papel de peso nos assuntos mundiais, incluindo nos que dizem respeito a Moscovo.

Em Fevereiro, o Sputnik conduziu uma entrevista a um deputado conservadorfrancês, que acusava Macron, antigo banqueiro de investimento, de ser um agente “do grande sistema bancário americano”, uma citação que foi depois utilizada pelo Russia Today.

“Dois grandes meios de comunicação que pertencem ao Estado russo, Russia Today e Sputnik, divulgaram notícias falsas numa base diária, que são escolhidas e citadas, e influenciam o [processo] democrático”, disse Ferrand à Reuters.

O jornal russo Izvestia também publicou comentários do fundador da Wikileaks, Julian Assange, que disse que a sua organização tinha “informação interessante” sobre Macron, indicado pelas sondagens como o vencedor provável da segunda volta das eleições francesas, marcada para 7 de Maio, ultrapassando a líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen. Ferrand acrescentou que a campanha de Macron estava a ser alvo de “centenas, se não milhares” de ataques que testam os sistemas informáticos da campanha, com origem no território russo.

Pedindo uma acção governamental para evitar que haja interferência estrangeira nas campanhas para as presidenciais, Ferrand disse: “O que nós queremos é que as autoridades ao mais alto nível se encarreguem deste assunto para garantir que não há interferência estrangeira na nossa democracia. Os americanos perceberam isso, mas foi tarde de mais”.

As agências de serviços secretos norte-americanas escreveram, num relatório, que o Presidente russo, Vladimir Putin, dirigiu uma campanha informática para aumentar as hipóteses de vitória do republicano Donald Trump, desacreditando a democrata Hillary Clinton na campanha eleitoral de 2016. O ministro francês da Defesa, Jean Yves Le Drian, prometeu, no mês passado, aumentar os recursos militares para lutar contra os ataques informáticos estrangeiros, salientando que França não é menos vulnerável do que os EUA.

Numa campanha eleitoral que tem sido alvo de acusações de corrupção, Macron foi obrigado, a 7 de Fevereiro, a acabar com os rumores de uma relação homossexual fora do seu casamento com Brigitte Trogneux.

As notícias sobre Macron emergiram nos meios de comunicação russos assim que uma sondagem, outrora favorável a François Fillon, que tem feito elogios a Putin, sofreu com um escândalo que afectou de forma negativa as suas hipóteses na eleição. Fillon viu a sua liderança nas sondagens afundar-se assim que os meios de comunicação franceses começaram a alegar que a sua mulher tinha sido paga para ser a sua assistente parlamentar, sem que tenha desempenhado qualquer função.

A descida de Fillon coloca Macron numa posição em que será o mais provavel vencedor da volta de 7 de Maio, derrotando Marine Le Pen, candidata que já recebeu fundos russos no passado e que prometeu ter boas relações com a Rússia se for eleita.

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