Navalni anuncia candidatura presidencial na Rússia

Candidatura está ameaçada pelos processos judiciais que correm contra o político da oposição.

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Reuters/MAXIM SHEMETOV

Uma das vozes mais críticas do Kremlin, Alexei Navalni, anunciou esta terça-feira a sua candidatura às eleições presidenciais de 2018 com a missão de derrotar o Presidente Vladimir Putin, cuja recandidatura é dada como certa.

Este advogado de 40 anos ganhou popularidade como blogger, através da denúncia dos casos de corrupção na Administração Pública russa. Aliando uma retórica nacionalista a um forte discurso anti-corrupção, Navalni conseguiu juntar uma considerável base de apoio, tornando-se numa das principais figuras da oposição. A sua entrada na política aconteceu em 2013 quando se candidatou à câmara de Moscovo, tendo obtido 27% dos votos.

Desde então, Navalni tem estado envolvido em vários casos judiciais, que o próprio diz serem movidos por razões políticas. Em Novembro, o Supremo Tribunal anulou uma condenação de cinco anos de pena suspensa, abrindo caminho para que o advogado possa avançar para a candidatura. Porém, o caso – que envolve uma acusação de desvio de fundos – vai voltar a ser julgado, mantendo a candidatura de Navalni em xeque.

“Sei até que ponto será difícil fazer oposição ao poder actual e à sua máquina de propaganda. Sei muito bem que ser candidato não será simples”, admitiu Navalni. “As eleições presidenciais devem abrir uma discussão sobre o desenvolvimento do país. Precisamos de uma conversa honesta, em vez de mais um programa de televisão falso”, acrescentou, citado pelo The Moscow Times.

Em 2013, o político foi condenado a cinco anos de prisão pelo desvio de cerca de 400 mil euros de uma empresa pública de exploração florestal na região de Kirov. No ano seguinte, Navalni foi novamente condenado a três anos e meio de prisão por ter burlado a filial russa da empresa francesa de cosméticos Yves Rocher.

Apesar dos casos que o envolvem, Navalni continua a ser uma das principais figuras da oposição a Putin. No entanto, mesmo no seio do movimento oposicionista, o ex-candidato a autarca de Moscovo não reúne consenso. Em 2007, Navalni foi expulso do partido liberal Iabloko, que condenou as suas posições nacionalistas.

Com uma oposição dividida e alvo de fortes restrições – o Kremlin limita o espaço político à chamada oposição sistémica, composta por partidos próximos do poder, mas que não exercem um verdadeiro perigo ao poder real do regime – a maior dúvida quanto às eleições de 2018 é a data do anúncio da recandidatura de Putin, cujos índices de popularidade atingiram 63%, um recorde nos últimos quatro anos.

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