A justiça russa transformou a condenação a cinco anos de prisão por desvio de fundos do opositor russo Alexei Navalni em pena suspensa, embora tenha rejeitado o recurso apresentado pelo blogger, que tinha sido libertado após a sua condenação para disputar as eleições para a câmara municipal de Moscovo.

Esta é uma vitória para Navalni, mas o advogado de 37 anos, que se tornou conhecido a partir de 2011, quando começaram as manifestações contra o regime, por causa das denúncias de corrupção que fazia no seu blogue. Actualmente, é a figura mais destacada da oposição russa, mas fica impedido de se candidatar a cargos públicos durante cinco anos. Por isso, diz que vai continuar a contestar na justiça a sua condenação. “Este veredicto não se fundamenta na lei. Por isso, vamos recorrer”, disse à saída do tribunal de Kirov, a cidade a cerca de 900 quilómetros de Moscovo onde foi julgado.

Em Julho, Navalni e Piotr Ofilserov foram considerados culpados de terem organizado o desvio de 16 milhões de rublos (400 mil euros), em detrimento de uma empresa florestal pública em 2009, quando Navalni era consultor do governador daquela região.

Navalni sempre afirmou que estas acusações eram absurdas e que o dinheiro em questão tinha ido para a conta da empresa florestal. “Como é que esses 16 milhões de rublos se evaporaram?”, questionou ele em tribunal, acusando o ex-director da empresa de falso testemunho, recorda a AFP.

Após a sentença emitida em Julho, Navalni foi surpreendentemente libertado, para poder disputar as eleições municipais em Moscovo, no início de Setembro, às quais tinha manifestado o desejo de se candidatar. Foi recebido por milhares de apoiantes, que celebraram a sua libertação condicional.

Conseguiu 27% dos votos – o que poderia ser considerado uma derrota, numa democracia normal, mas na Rússia de Vladimir Putin é um excelente resultado para um candidato de contra-poder.

O site noticioso gazeta.ru, de tendência liberal, avaliava que as autoridades russas enfrentam um dilema com Alexei Navalni: se o prenderem, arriscam-se a criar uma espécie de “novo Mandela” russo, relata a AFP. Se o mantêm em liberdade, perdem a face, reconhecendo que o caso pelo qual foi condenado tinha pés de barro.