CAP diz que é difícil comprometer-se com acordo de médio prazo

Agricultores dizem que aumento do salário mínimo para 557 ou 600 euros no próximo ano é impossível.

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João Machado, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal Miguel Manso

O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) rejeitou que o salário mínimo em 2017 aumente para mais de 540 euros sem contrapartidas e afirmou que é difícil comprometer-se com um acordo de médio prazo.

"É muito difícil prever como é que a economia se irá comportar até 2019. É mais fácil para nós prever o ano de 2017 do que prever até 2019. Portanto, temos dito ao Governo que é difícil comprometermo-nos com o acordo de médio prazo", declarou João Machado aos jornalistas, no final de uma reunião com o Presidente da República, no Palácio de Belém.

Segundo João Machado, a CAP não tem "um percurso até 2019 desenhado" para a evolução económica no plano nacional tendo em conta "as incertezas que existem, não só sobre a economia portuguesa, mas também a nível europeu e internacional".

Quanto ao curto prazo, o presidente da CAP reiterou que os valores para o salário mínimo nacional em 2017 - sejam os 557 euros acordados entre o Governo e o Bloco de Esquerda, sejam os 565 propostos pela UGT  - “são números completamente impossíveis", pelo menos sem contrapartidas.

"O número que nós temos vindo a dizer que está contido no acordo anterior, com os números que estão previstos, daria qualquer coisa à volta dos 538, 540 euros. Mais do que isso para 2017 será muito difícil, a não ser que haja contrapartidas que nós não conhecemos neste momento e que temos de conhecer antes de nos podermos comprometer", reiterou.

João Machado insistiu que, nos termos do acordo assinado no início deste ano, "os multiplicadores dão 540 euros" e "qualquer número para além deste tem de ter alguma coisa em troca".

O presidente da CAP salientou que "o Governo não fez nenhuma proposta aos parceiros sociais", mas considerou que "os números que são veiculados na comunicação social, 600 euros em 2019 e um percurso até lá" constituem "algo absolutamente anormal em relação ao crescimento da economia e em relação à inflação".

"Isso daria ao fim de quatro anos de legislatura 20% de aumento do salário mínimo", referiu.

"Portanto, nessa matéria, terá de haver contrapartidas, terá de haver com certeza propostas negociais, um acordo é feito disso mesmo. Nós esperamos que essas propostas sejam postas em cima da mesa e que sejam postas no próximo dia 24 deste mês quando nos sentarmos à mesa com o Governo", concluiu.

Questionado sobre o impacto que um aumento do salário mínimo para 557 euros no próximo ano terá no sector agrícola, o presidente da CAP respondeu que será "um efeito devastador", porque obrigará a "reordenar toda a tabela salarial" pelo segundo ano seguido.

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