TAP aumenta salários dos trabalhadores ao fim de seis anos de congelamento

Nove sindicatos saíram nesta sexta-feira de reunião com a administração com a garantia de um aumento de 0,9% e de uma actualização no subsídio de alimentação. Decisão abrange quase 3400 funcionários.

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Subsídio de alimentação na vai aumentar de 4,68 euros para 6,10 euros Daniel Rocha

Ao fim de seis anos congelados, os salários dos trabalhadores da TAP vão sofrer um aumento de 0,9%, com retroactivos a Janeiro deste ano, que serão pagos em Setembro. A decisão foi comunicada nesta sexta-feira pela administração à plataforma de nove sindicatos que representam perto de 3400 funcionários da companhia.

Além da revisão da tabela salarial, foi ainda anunciada uma actualização do subsídio de alimentação, cujo valor subirá dos actuais 4,68 euros para 6,10 euros. O pagamento será iniciado em Janeiro de 2017 e através dos cada vez mais recorrentes cartões de refeição, que não estão sujeitos a impostos.

As negociações com os sindicatos foram iniciadas no início deste ano e este desfecho é considerado uma vitória para os trabalhadores, que, além de não serem aumentados desde 2010, foram sujeitos (embora com um modelo alternativo menos penalizador) aos cortes remuneratórios aplicados às empresas públicas, fruto do programa de ajustamento do país.

Estas actualizações abrangem apenas os 3375 funcionários de terra da TAP abrangidos pelos nove sindicatos que compõem a plataforma. Neste grupo não estão incluídos, por exemplo, os pilotos e os tripulantes, que têm mantido negociações.

David Paes, presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil, referiu que estes profissionais "entendem que trabalhadores da TAP não têm de estar todos no mesmo diapasão" e que, ao mesmo tempo, "privilegiam outros aspectos" que não apenas os aumentos salariais. Ainda assim, explicou que as negociações que a estrutura sindical tem mantido com a administração da companhia não colidem com esse objectivo. "Com serenidade e consistência haverá certamente uma janela de oportunidade para se discutir esse tema, ao ritmo dos pilotos", acrescentou.

Contactada, fonte oficial da TAP confirmou que existe um "acordo de princípio" com os sindicatos, embora ainda "careça de ratificação por parte do conselho de administração". Sobre os resultados das negociações com os pilotos e tripulantes, a transportadora aérea não quis adiantar detalhes, referindo apenas que o acordo "tem uma dimensão semelhante em termos de valores, mas segue uma lógica diferente". Ou seja, as revisões não deverão materializar-se necessariamente em aumentos salariais, mas antes noutro tipo de regalias a que estes trabalhadores dão importância.

Os aumentos acontecem depois de a TAP ter sido privatizada, com a venda de 61% do capital ao consórcio Atlantic Gateway. Neste momento, aguarda-se a conclusão do acordo que devolverá ao Estado 50% da companhia, embora a gestão e a grande fatia dos direitos económicos vá permanecer do lado dos privados.

A transportadora aérea acredita que vai fechar o ano de 2016 com resultados operacionais positivos, recuperando dos prejuízos de quase 100 milhões de euros que registou em 2015. No primeiro semestre, os resultados operacionais mantiveram-se em terreno negativo – foram de 28,2 milhões de euros – mas desenharam uma descida dos prejuízos de mais de 74% face ao mesmo período de 2015. “Historicamente, os resultados do primeiro semestre são sempre piores do que os do segundo. Há razões para acreditar que as contas vão ter saldo positivo”, afirmou fonte da TAP.

É no segundo semestre do ano que se situam os meses mais importantes em termos de operação: os meses de Verão e as férias do Natal. O peso de cada um dos semestres nas receitas é de 47% para o primeiro semestre e 53% para o segundo. "Quando em causa está um volume de vendas de cerca de dois mil milhões de euros, estas taxas de variação têm muita importância no resultado", explica.

No primeiro semestre a TAP registou uma facturação de 985,2 milhões de euros, quando em 2015 foi de 1008,4 milhões de euros. Em 2014 a TAP teve um prejuízo de 99 milhões de euros, os piores dos últimos cinco anos da empresa, um resultado agravado pela retenção de 91,4 milhões de euros na Venezuela. Em 2014 os prejuízos foram de 46 milhões de euros.

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