O "Brexit" é “um acto de automutilação", avisa Juncker

Líderes europeus lançam avisos: "É o futuro da UE que está em causa." Comissão Europeia frisa que, em caso de vitória da saída, não haverá renegociação com Londres.

Foto
A campanha pela permanência na UE foi reforçada por vários dirigentes europeus LEON NEAL(AFP

Aproveitando as horas que restavam até à votação, e perante o facto de as sondagens apontarem para uma margem extremamente curta entre os britânicos que querem ficar na UE (51%) e os que querem o "Brexit" (49%), vários dirigentes europeus lançaram apelos para que o Reino Unido não abandone os Vinte Oito.

“É mais do que o futuro britânico que está em causa, é também o futuro da UE”, disse o Presidente francês, François Hollande. “A saída de um país que está geográfica, histórica e politicamente na UE teria consequências extremamente sérias.”

Usando uma dureza que ainda não tinha expressado em relação ao referendo, Hollande avisou que esta decisão irreversível colocaria “seriamente em risco o acesso do Reino Unido ao mercado único e tudo o que implica a zona económica europeia”. “Todos têm de estar bem cientes disto.”

Para o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, este seria “um acto de automutilação”. Juncker lembrou que no acordo assinado em Fevereiro entre a UE e o Governo de Londres já foram feitas várias concessões em matéria de restrições aos auxílios sociais a imigrantes europeus. “Eles obtiveram o máximo que é possível obter e nós demos o máximo que é possível dar”, adiantou. “Fora é fora. Não haverá nenhuma nova negociação.”

Juncker recordou que há um ano o debate estava centrado num possível “Grexit”, sob pressão de Berlim; os que eram então a favor da saída da Grécia da zona euro estão agora a opor-se a um "Brexit". “Mas desta vez eles têm razão”, disse Juncker.

“Evidentemente que desejo que o Reino Unido continue na União Europeia, mas essa decisão pertence aos cidadãos e cidadãs do Reino Unido”, afirmou, por sua vez, a chanceler alemã, Angela Merkel. As declarações foram feitas depois de um encontro com a primeira-ministra polaca, Beata Szydlo, que comentou, segundo a AFP: “O dia de amanhã vai decidir o futuro da Europa, vai decidir aquilo com o que a UE se vai parecer no futuro.”

Numa entrevista ao Guardian, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, lembra que o Reino Unido tem um papel crucial no combate europeu ao terrorismo e à imigração ilegal. E que uma “Europa fragmentada” iria aumentar a “instabilidade e a imprevisibilidade” na região, cita o jornal. “Eu não voto. Cabe aos britânicos decidir. Mas posso dizer-vos o que importa para a NATO, e que um Reino Unido forte numa Europa forte é bom para o Reino Unido e é bom para a NATO…”

Mais radical foi o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que a 13 de Junho falou mesmo no “fim da civilização ocidental”. “Porque é tão perigoso? Porque ninguém pode prever quais são as consequências a longo prazo”, afirmou ao jornal alemão Bild. “Como historiador, temo que o 'Brexit' seja o início da destruição não só da UE mas da civilização política ocidental como um todo.”

Sugerir correcção
Ler 1 comentários