"Liberdade já", gritou-se mais uma vez em Lisboa e no Porto

As cidades portuguesas juntaram-se ao protesto internacional pelos 17 activistas angolanos, presos há um ano.

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Miguel Manso
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Esta segunda-feira, ao final da tarde, Lisboa e Porto juntaram-se às cidades europeias e angolanas que nos últimos dias têm assinalado o Dia da Libertação, “para reclamar a liberdade em Angola”. Dezenas de pessoas reuniram-se na Praça D. Pedro IV, em Lisboa, e no Consulado Geral da República Angolana, no Porto, para mais uma vez apelarem à liberdade dos 17 activistas angolanos, presos há precisamente um ano e condenados em Março.

“Enquanto estamos aqui a conversar e a ler um livro tranquilamente, há 17 pessoas que estão presas sob condições que não são adequadas”, disse, na manifestação, Pedro A. Neto, director executivo da Amnistia Internacional, organização de direitos humanos que tem defendido esta causa. “Tem de haver esperança, isso não pode faltar. E é também por isso que estamos aqui”, acrescentou.

Pedro Coquenão, músico luso-angolano também conhecido por "Batida", conta que “não há muito mais a fazer a não ser continuar a aparecer e a fazer o caso não cair no esquecimento”. O músico, que faz parte da LAPA – Liberdade aos Activistas Presos em Angola, um grupo independente de pessoas que apoiam os 15+2 activistas condenados, declarou ainda esperar que o ciclo de violência, “quase uma repetição da opressão que existiu em Angola na luta pela independência”, possa ser quebrado.

Se em Lisboa a manifestação começou pelas 19h, no Porto a concentração foi marcada para as 18h.

Os cartazes pediam “Liberdade já!”: as mesmas palavras que já se ouviram no Porto, no mesmo local, por três vezes este ano. Apesar da escassa afluência, com pouco mais de duas dezenas de pessoas, os manifestantes não deixaram de marcar presença durante cerca de hora e meia, em frente ao consolado angolano.

“Parece que as pessoas se esqueceram deles.” Para Pedro Craveiro, um dos manifestantes desta tarde, “ainda” só passou um ano e este tempo foi suficiente para ver “que grande parte da população portuguesa já se esqueceu destes activistas”. Reconhecendo que o passado recente da história colonial portuguesa com Angola pode levar a más interpretações, considera que o Governo de António Costa “não devia ser imparcial” perante a situação “de opressão a este nível em Angola”.

“Entristece-me ver que há interesses na política que se sobrepõem aos direitos humanos. Estes deviam prevalecer sobre a ideologia”, acrescenta, referindo-se ao chumbo do PSD, CDS e PCP à proposta de condenação a Angola pela aplicação das penas de prisão aos activistas

A manifestação no Porto não teve o selo de nenhuma organização, tendo partido de uma iniciativa de duas jovens activistas da cidade, Maria Leonor Figueiredo e Anais Proença. Ao PÚBLICO as duas activistas defenderam a necessidade de o Porto assinalar “as perseguições e injustiças vividas Angola”. Organizaram esta concentração para reivindicar o direito a uma liberdade de expressão designada na Constituição angolana e que, dizem, neste momento, “foi posta atrás das grades”. Como não deixa de assinalar outro manifestante, Jorge Leandro Rosa: “Estamos aqui porque somos companheiros de todo o cidadão livre.”

O lema Queremos liberdade é o mote para acções de apoio que se desenvolvem por várias cidades, incluindo as que foram marcadas para esta segunda-feira em Luanda, pelas 12h. Para esta terça-feira, dia 21 de Junho, estão previstas concentrações em Pretória, África do Sul, e em Paris, França.

Texto editado por Cláudia Lima Carvalho

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