Parlamento vai ouvir mentor da petição que pede demissão de Maria Luís Albuquerque

Audição marcada para dia 28 na comissão de Assuntos Constitucionais. Petição que já conta com quase 2000 assinaturas é uma iniciativa do MDP – Movimento pela Democratização dos Partidos.

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A secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque, está a liderar a renegociação com os bancos envolvidos no caso dos swaps NUNO FERREIRA SANTOS

A saga da contratação da ex-ministra das Finanças como consultora pelo Arrow Global Group parece não ter fim. Agora, o Parlamento vai ouvir, no próximo dia 28, os primeiros subscritores da petição que pede a demissão de Maria Luís Albuquerque do cargo de deputada e que conta com quase duas mil assinaturas. Mas a petição não chegará a ser discutida em plenário por não ter o mínimo de 4000 subscritores.

A petição pede a demissão da vice-presidente do PSD de deputada à Assembleia da República alegando existir uma “incompatibilidade moral e política” entre o exercício desse cargo e a actividade no grupo de gestão de dívida. Os peticionários acreditam haver “suspeitas de tráfico de influência na escolha”, pela empresa, de uma ex-ministra das Finanças, já que “nenhuma empresa paga 5 mil euros mensais a alguém a troco apenas da presença em quatro reuniões mensais”.

O texto da petição defende ainda que é “imoral acumular rendimentos (5000 euros na Arrow + 3400 euros na Assembleia) num país com 600 mil desempregados”, assim como “ser deputado em part-time (a República merece mais atenção)”.

Os peticionários consideram também ser “urgente” rever o regime de incompatibilidades do Parlamento para evitar casos semelhantes e não permitir que ex-governantes possam transitar directamente para empresas que exercem actividade no mesmo sector que até aí tutelavam.

A 28 de Março, quando deu entrada na Assembleia da República, a petição promovida pelo MDP – Movimento pela Democratização dos Partidos contava com 1298 assinaturas, mas esta sexta-feira leva já 1938. Pela lei, quando o Parlamento recebe uma petição com pelo menos mil assinaturas e considere que preenche as condições para ser aceite, a comissão parlamentar competente sobre o assunto tem que ouvir os representantes dos peticionários. No caso, serão ouvidos Rui Pedro Cabrita Martins e Paulo Jorge Costa Ferreira na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

Na nota de admissibilidade da petição, a assessora da comissão de Assuntos Constitucionais realça que os pedidos de legislação sobre o regime de incompatibilidades feitos pela petição são precisamente um assunto em discussão no Parlamento e que, naquela data (4 de Abril) ainda estava a ser analisado na subcomissão de Ética precisamente o caso de Maria Luís Albuquerque – que entretanto já se chegou à conclusão de que não existem incompatibilidades nessa contratação apesar dos alegados benefícios fiscais que a Arrow Global terá recebido.

Na reunião da subcomissão de Ética do passado dia 6, quando se discutiu a distribuição da petição, não houve grande vontade dos deputados de se oferecerem perante o presidente, o socialista Bacelar de Vasconcelos, para a avaliar e fazer o relatório. O deputado socialista Pedro Delgado Alves propôs então que, como o texto sugere alterações legislativas, se esperasse pela aprovação da comissão eventual proposta pelo PS para lha remeter. Mas o social-democrata Luís Marques Guedes veio logo defender que isso não era “solução” mas antes “suster o assunto em banho-maria” já que a lei impõe que as petições tenham sempre um relator – e “a comissão eventual não relata petições”. A petição ficou depois entregue ao grupo parlamentar socialista. 

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