PSD cria secção da saúde para uma reforma do Estado Social

O primeiro encontro acontece este sábado no congresso de Espinho e Passos Coelho foi convidado para jantar.

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O Hospital de Guimarães não faz parte das unidades de referência para as doenças raras PÚBLICO/Arquivo

A renovação do PSD também passa pela saúde, um sector “onde existe um enorme vazio”. À boleia do novo discurso politico que Pedro Passos Coelho escolheu para o seu segundo mandato à frente do partido, os sociais-democratas do distrito do Porto ligados à saúde criaram a primeira secção laboral deste sector e na calha está um programa nacional com “propostas genuinamente alternativas”.

“Há um enorme vazio no PSD a nível da saúde e com esta aposta do líder em recentrar o partido na social-democracia entendemos que em determinados sectores ligados ao Estado Social é preciso apresentar propostas políticas”, declarou ao PÚBLICO Rui Nunes, professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, que preside a esta secção, da qual fazem parte médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, juristas, gestores, entre outros profissionais do sector.

“Neste momento, face ao recentrar do discurso na sua matriz genética social-democrata faz todo o sentido que o partido apresente propostas próprias no âmbito do Estado Social, particularmente na área da saúde”, afirma Rui Nunes, que defende para o sector uma “aposta marcadamente reformista”. 

“Está na hora de se dar um passo na direcção de uma reforma estruturada da saúde", frisa. “À excepção dos cuidados de saúde primários e das unidades de saúde familiar, não houve na última década uma reforma estruturada nesta área, ou por falta de financiamento ou por falta de profissionais ou por outras razões”, aponta o também presidente da Associação Nacional de Bioética.

O médico, que entre 2003 e 2009 foi membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, deixa uma crítica à forma como o Ministério da Saúde gere o sector e pede medidas alternativas, que passam por o PSD “fazer uma aposta genuinamente social-democrata e reformista na área da saúde com capacidade de gerar mudança”. Lamenta que em Portugal não “haja descentralização administrativa e política na saúde” e dispara: ”O Ministério da Saúde, a partir da Avenida João Crisóstomo, governa a saúde de norte a sul do país”.

O presidente da Associação Nacional de Bioética faz questão se sublinhar que aqueles que integram a comissão, que foi criada no âmbito dos Trabalhadores Sociais-Democratas (TSD) do distrito do Porto, “são pessoas que não perfilham uma visão estritamente neoliberal do Estado”. “Estamos no início de um novo ciclo político, que começou com as eleições presidenciais e com o Orçamento do Estado, e é preciso começar a pensar em propostas genuinamente alternativas”, diz, revelando que a secção tem um projecto ambicioso que passa pela reforma do Estado Social. A única questão que fica de fora é a sustentabilidade da Segurança Social. Este tema foi abordado na intervenção que o líder do partido fez sexta-feira na inauguração da reunião magna dos sociais-democratas.

Surpreendido com a mobilização que a iniciativa está a gerar a nível dos profissionais de saúde, Rui Nunes clarifica o objectivo desta estrutura “não visa lançar quadros para lugares, mas pensar estruturalmente na saúde, num plano largamente reformista na esfera da social-democracia”. Eleita há duas semanas, esta secção – a primeira na área da saúde a nível do PSD – vai estar no congresso do partido e à noite tem previsto um jantar para o qual está convidado Pedro Passos Coelho.

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