Pressionada pela UE, Grécia vai abrir já quatro hotspots para imigrantes

Depois de semanas e semanas de adiamentos, Atenas diz ter prontos para funcionar quatro centros de identificação e triagem de refugiados.

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Uma força naval da NATO vai partulhar o mar Egeu ANGELOS TZORTZINIS/AFP

A Grécia vai “formalmente abrir entre hoje e quarta-feira”, quatro dos cinco centros de registo e selecção de refugiados e imigrantes prometidos à União Europeia, a tempo da cimeira europeia que se realiza no final da semana.

A abertura destes centros (os chamados "hotspots") esteve inicialmente prevista para o Outono passado, mas foi sendo sucessivamente adiada até agora. Uma fonte governamental grega garantiu esta segunda-feira à AFP que quatro centros vão “abrir formalmente” nas ilhas de Lesbos, Chios, Leros e Samos, primeiras etapas na Europa, junto às costas turcas, dos fluxos migratórios actuais.

O quinto centro que a Grécia se comprometeu a abrir, em Kos, “irá entrar em funcionamento um pouco mais tarde”, segundo a mesma fonte. A abertura deste hotspot tem vindo a ser constantemente adiada por causa da oposição da autarquia local e dos habitantes da ilha, que denunciam uma ameaça para a indústria do turismo local. No domingo, centenas de pessoas voltaram a protestar contra a abertura do centro, o que levou à intervenção da polícia para travar os manifestantes que tentavam chegar ao local onde decorrem as obras para instalar o hotspot.

O ministro da Defesa, Panos Kammenos, dará uma conferência de imprensa na terça-feira de manhã para fazer o ponto da situação sobre os centros e depois vai visitar os hotspots de Leros, Chios e Lesbos, onde os trabalhos estão praticamente terminados.

Cada um destes centros, constituídos por estruturas pré-fabricadas, deve poder acolher um milhar de recém-chegados por um período de 72 horas, o tempo que se calcula ser necessário para que as pessoas sejam registadas, que lhe sejam tiradas as impressões digitais, que a eventual presença de terroristas seja detectada e que seja feita a triagem entre aqueles que podem requerer asilo e os que são considerados imigrantes económicos.

O primeiro-ministro, Alexis Tsipras, deverá dar conta destes progressos na cimeira europeia de quinta e sexta-feira em Bruxelas. A Grécia está a ser pressionada pelos seus parceiros europeus para fazer mais e melhor para controlar o afluxo de centenas de milhares de imigrantes e refugiados que chegam ao seu território e está confrontada com a ameaça do encerramento de fronteiras na Europa.

Apesar de admitir os atrasos na abertura dos centros e de ter chamado o exército para acelerar a sua finalização, Atenas insiste que o trabalho de identificação e triagem já está a ser feito há semanas, com a ajuda dos cerca de 400 funcionários da agência europeia de vigilância das fronteiras, Frontex, que foram enviados para o país.

Embora reconhecendo progressos nesta matéria, a União Europeia deu no final de Janeiro um prazo de três meses à Grécia para resolver as “graves deficiências” na gestão do afluxo de imigrantes e refugiados. Caso contrário, reserva-se o direito de restabelecer os controlos das fronteiras de um ou vários países por um prazo de dois anos no máximo.

A Grécia deve, entre outras coisas, efectuar controlos sistemáticos para identificar as pessoas que obtêm um visto, de modo a cruzar essa informação com diferentes bases de dados europeias e da Interpol, bem como reforçar a vigilância da sua fronteira marítima com a Turquia.

Sinal de que a pressão europeia sobre a Grécia é enorme foi a luz verde que Atenas deu na semana passada a uma iniciativa alemã para o envio para o mar Egeu de uma missão naval da NATO destinada a desencorajar as partidas da Turquia e a reforçar a luta contra o tráfico de imigrantes.

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