Casa Branca admite visita de Obama a Cuba em 2016

Washington espera por mudanças nas liberdades políticas e nas relações entre Havana e o seu sector privado. Decisão será tomada no início do ano que vem.

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Viagem de Obama a Cuba seria o símbolo máximo da reaproximação dos dois países Alexandre Meneghini /Reuters

Barack Obama poderá visitar Cuba no próximo ano caso o país faça progressos em temas como a liberdade política e o desenvolvimento do seu sector privado. A notícia é avançada nesta sexta-feira pelo jornal norte-americano Miami Herald, que se especializa na relação diplomática entre Estados Unidos e Cuba e que faz referência a uma reunião desta semana, em Washington, em que o assunto foi discutido por responsáveis da administração norte-americana.

De acordo com as fontes ouvidas pelo jornal, a possibilidade de uma visita de Barack Obama a Cuba será avaliada no início do próximo ano. As exigências norte-americanas não são obrigatórias para que a viagem aconteça, como deixou claro na reunião Josh Earnest, porta-voz da Casa Branca, mas serão entendidas como bons indicadores em Washington.

Fala-se de temas como a “detenção de dissidentes, acesso à Internet e o desenvolvimento do sector privado da ilha”, escreve o Miami Herald. Ben Rodes, conselheiro adjunto para a Segurança Nacional dos Estados Unidos, que esteve presente na reunião, comparou uma visita de Obama a Cuba com os acontecimentos que se seguiram à queda do Muro de Berlim.

Os canais oficiais da Casa Branca admitem a reunião de quarta-feira, mas não comentam o seu teor. O encontro serviu para “envolver a comunidade cubana nos Estados Unidos nas políticas do Presidente Obama em relação a Cuba”, escreve em comunicado a porta-voz da Casa Branca para os media de língua espanhola, Katherine Vargas, que no entanto reforça a lista de prioridades do Presidente dos Estados Unidos para o país – coincidentemente, as mesmas exigências que podem favorecer uma viagem.

Inserida num contexto de reaproximação entre os dois países, uma visita de Barack Obama a Cuba seria o símbolo máximo da normalização da diplomacia entre Estados Unidos e o país caribenho desde que, em 1961, ambos cortaram relações com a subida de Fidel Castro ao poder. Obama anunciou em Dezembro que a política isolacionista frente a Cuba falhou e prometeu então reatar relações com o país. O Presidente norte-americano pediu ao Congresso que levante o embargo a Cuba, mas a maioria republicana recusa-se a fazê-lo.

Desde então, já foram dados vários passos significativos e outros estão na calha. Na semana passada, o ministro cubano dos Negócios Estrangeiros viajou para Washington para assistir à cerimónia de reabertura da embaixada de Cuba nos Estados Unidos. A bandeira norte-americana subirá em Havana no dia 14 de Agosto. Espera-se que John Kerry, o secretário de Estado norte-americano, esteja presente na cerimónia.

Abertura nas viagens
Quinta-feira, quatro elementos da maioria republicana no Senado norte-americano juntaram-se ao voto dos democratas e aprovaram o levantamento de algumas restrições às viagens dos Estados Unidos para Cuba. Actualmente, só podem viajar para Cuba norte-americanos de descendência cubana, responsáveis governamentais e quem consiga uma autorização especial do Departamento do Tesouro.

A decisão, que fica aquém do fim do embargo que pede Obama, foi tomada por um painel do Senado, que decidiu também permitir o crédito a cidadãos norte-americanos que queiram vender produtos agrícolas ao país. O painel decidiu ainda abandonar as multas a navios que tenham ancorado na ilha.

Mas estas decisões não valem por si, como escreve o New York Times. As medidas deste painel têm de sobreviver ainda a um voto geral no Senado e a uma discussão na Câmara dos Representantes, que decidirá disputas entre as duas câmaras do Congresso. E isso significa que, para que estas medidas passem para a lei, mais republicanos terão de ceder nestes temas aos desejos de Obama e dos democratas. 
 

   

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