Orbán firme no poder na Hungria e extrema-direita continua a ganhar corpo

Aliança de esquerda evita passagem do Jobbik a segunda força política.

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O primeiro-ministro, Viktor Orbán, deverá manter a maioria de dois terços Bernadett Szabo/Reuters

Sem grandes surpresas, os eleitores húngaros renovaram o mandato do primeiro-ministro Viktor Orbán, com a forte possibilidade de terem conservado a maioria de dois terços no Parlamento do seu partido, o Fidesz, com as últimas projecções a darem-lhe 45%. Confirma-se também uma subida da extrema-direita, embora não tão grande como se esperava.

"Conseguimos uma vitória tão global que o seu significado não pode ser completamente compreendido esta noite", disse Orbán na sua declaração de vitória, na sede de campanha em Budapeste. Os eleitores, defendeu, "confirmaram que o lugar da Hungria é na União Europeia mas apenas com um governo forte".

A Aliança Unidade, formada por cinco partidos da esquerda e do centro-esquerda, entre os quais o Partido Socialista Húngaro, obteve um resultado acima do esperado (25%), conseguindo com isso afastar a hipótese de o Jobbik, de extrema-direita, se assumir como segunda força política do país.

Ainda assim, o partido de extrema-direita e anti-semita subiu cinco pontos percentuais em relação às eleições de 2010 (de 16% para 21%) e diz ter-se tornado no "partido nacionalista radical mais forte da UE".

A Aliança Unidade alcançou 25,2%, segundo as projecções feitas quando estão contados 80% dos votos. 

Os verdes-liberais do LMP (cuja sigla em húngaro significa "a política pode ser diferente") poderão ter chegado ao limite mínimo de 5% para poderem ter representação parlamentar – estão com 5,03%, eles que participaram pela primeira vez nas últimas eleições.

Estas foram as primeiras eleições legislativas na Hungria depois da revisão da Constituição e da lei eleitoral proposta e aprovada pelo partido do primeiro-ministro Viktor Orbán, que esmagou a oposição em 2010, com 52,7% dos votos. Capitalizou a revolta de grande parte da população contra o antigo chefe do governo socialista Ferenc Gyurcsány, que entretanto abandonou este partido e iniciou uma nova formação, a Coligação Democrática, que faz parte da Aliança Unidade.

Entre as várias alterações introduzidas que poderiam favorecer os partidos com maior representação, destaca-se a redução do número de deputados de 386 para 199 e a supressão de uma segunda volta nas legislativas. Mas a alteração com mais impacto nos resultados é o redesenho dos círculos eleitorais, que os especialistas dizem que favorecerá o Fidesz.

Como escreveu a especialista em sistemas constitucionais da Universidade de Princeton (EUA) Kim Lane Scheppele, no blogue do economista Paul Krugman no jornal The New York Times, o primeiro-ministro húngaro poderia facilmente renovar a sua maioria de dois terços com menos de 50% dos votos.

“O sistema eleitoral é injusto. É como se o Fidesz tivesse de correr apenas 100 metros e a oposição 400”, queixou-se Gordon Bajnai, ex-primeiro-ministro e líder de uma das formações que integra a Aliança Unidade.

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