Factura do Deutsche Bank por causa do subprime fixa-se nos 7200 milhões de dólares

Valor é cerca de metade do que pretendia a justiça dos EUA. Crédit Suisse paga 5300 milhões

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Reuters/LUKE MACGREGOR

As negociações tinham levado meses, e as divergências com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos tinham sido uma constante. Quando, a 15 de Setembro, o Deutsche Bank confirmou que as autoridades norte americanas pretendiam aplicar-lhe uma multa de 14 mil milhões de dólares pela responsabilidade que lhe imputava na crise do subprime, a crise imobiliária que acabou por espoletar uma crise financeira mundial, as acções do título germânico afundaram. Chegados à véspera do Natal, 23 de Dezembro, o banco germânico anunciou ao mundo que chegou a um acordo para pagar 7200 milhões de dólares (6800 milhões de euros), ou seja, cerca de metade do que foi inicialmente pedido. As acções começaram a subir.

O maior banco da Europa vai pagar um total de 7200 milhões de dólares, um valor que incorpora uma multa civil de 3100 milhões de dólares (cerca de 2960 milhões de euros) e 4100 milhões de dólares (3920 milhões de euros) em compensações a pagar como “alívio dos consumidores”, incluindo por exemplo a revisão das condições dos empréstimos já acordados.

As acusações das autoridades norte americanas, conhecidas em Setembro, imputavam ao Deutsche Bank o facto de ter vendido créditos imobiliários tóxicos convertidos em produtos financeiros estruturados entre 2006 e 2008, com total conhecimento de causa, isto é, sabendo de antemão que não tinham o valor que lhes era atribuído.

O banco com sede em Frankfurt, no Oeste da Alemanha, tinha assegurado “não ter a intenção” de pagar esse montante. As previsões que assumia então apontavam para o pagamento de um multa entre os dois e os três mil milhões de dólares. Mesmo assim, e nas provisões anunciadas em Setembro, o banco tinha colocado à parte, para resolver os litígios judiciais em curso algo como 6200 milhões de dólares (5900 milhões de euros)

Crédit Suisse paga 5300 milhões

Apenas algumas horas depois do anúncio do banco alemão, também o helvético Credit Suisse anunciou ao mercado ter chegado a acordo com as autoridades norte americanas para resolver o mesmo tipo de acusação, o que lhe vai custar algo como 5300 milhões de dólares (5070 milhões de euros).

Em comunicado o banco suíço afirmou que de multa pagará 2480 milhões de dólares (2370 milhões de euros) e outros 2800 milhões de dólares (2680 milhões de euros) também são para aliviar encargos dos consumidores.

Até esta sexta-feira, as autoridades norte-americanas já tinham fechado acordo com seis instituições financeiras do país, que ascendem a mais de 46 mil milhões de dólares. Só o Bank of America, vai pagar  uma  factura de 16.700 milhões de dólares (15.990 milhões de euros), por ter comercializado títulos que valiam, segundo a agência Bloomberg, quatro vezes mais do que os do Deutsche Bank.

Com o desfecho destes dois casos europeus, a matéria não está, porém, ainda resolvida, apesar da pressa e da pressão que a administração Obama tem feito para o concluir. As negociações com a UBS e com o Royal Bank of Scotland ainda estão a decorrer, e no caso do Barclays o caso mantém-se complicado. Isto porque o banco britânico se recusa a reconhecer as acusações da justiça norte americana, que, segundo a Bloomberg, acusa o banco de ter vendido cerca de 30 mil milhões de dólares em produtos tóxicos aos seus clientes. O Barclays diz que esta acusação não tem nenhuma aderência à realidade e recusa-se a negociar.  Resultado: a justiça norte-americana ameaçou o Barclays com um processo e vai para Tribunal resolver o conflito. 

 

 

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