Colapso do BES Angola provocou uma queda de 50% nos lucros do sector

Resultado líquido agregado dos bancos angolanos caiu para 321 milhões de euros.

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Enric Vives-Rubio

O resultado líquido agregado dos bancos que operam em Angola sofreu uma diminuição de 50% em 2014, face ao ano anterior, “influenciado pelo efeito dos resultados do ex-BESA”, o banco que era maioritariamente detido pelo BES e que colapsou no ano passado, tal como o grupo da família Espírito Santo.

A análise, feita pela Deloitte na 10.ª edição do estudo Banca em Análise, apresentado esta terça-feira em Luanda, refere que, sem o efeito da queda do BES Angola, “os resultados líquidos do sector teriam registado um crescimento de cerca de 12%”. Em 2014, os resultados líquidos do sector não foram além dos 45.400 milhões de kwanzas (cerca de 321 milhões de euros, ao câmbio actual).

A análise da Deloitte destaca ainda que o peso dos depósitos na moeda local “tem crescido em detrimento da moeda estrangeira”, passando de 58% do total em 2013 para 65% no ano passado. Em valor, os depósitos subiram 15%, chegando aos 5350 mil milhões de kwanzas.

Da mesma forma, o crédito líquido a clientes também subiu, mas a um ritmo inferior, de 8%, atingindo os 2930 mil milhões de kwanzas no ano passado. Ao mesmo tempo, assistiu-se também a um incremento do rácio de crédito vencido no sector, que passou de 11,2% para 14,5%. O sector, afirma Nuno Alpendre, sócio da Deloitte, citado no comunicado do estudo, deve estar atento “à evolução desfavorável dos rácios de crédito vencido que se verificou neste último ano”.

No final de 2014 existiam 23 bancos a operar em Angola, várias deles controlados por capitais portugueses, como o BFA, o Millennium Angola e o Banco Caixa Geral Totta de Angola. Por seu lado, várias instituições angolanas estão também em Portugal, como é o caso do BIC, BAI, Privado Atlântico e BNI. 

Já este ano, o mercado angolano assistiu à entrada de dois novos concorrentes, o Banco de Investimento Rural e o Banco Prestígio. Além destes, o Banco Nacional de Angola já autorizou mais quatro instituições (Banco Yetu, Banco Pungo Andongo, Ecobank e Banco de Crédito do Sul). Para a Deloitte, a crise do sector petrolífero, com a baixa dos preços nos mercados internacionais, “levou o Governo angolano a dar especial atenção à diversificação da economia, o que constituirá novas oportunidades para o sector bancário”.

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